quarta-feira, julho 23, 2025

Rios em Transformação: Estudo Revela Mudanças Radicais e Desiguais em Escala Global

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Uma análise inédita e abrangente revela que os rios do mundo estão passando por transformações alarmantes e mais rápidas do que se imaginava. O estudo, que mapeou os fluxos de quase 3 milhões de rios ao longo de 35 anos, aponta para implicações significativas no abastecimento de água potável, na saúde dos ecossistemas, na navegação e no aumento do risco de inundações.

Utilizando observações de satélite combinadas com modelagem computacional, pesquisadores reconstruíram o fluxo diário de água de cada rio do planeta. Os resultados, publicados na revista Science, mostram um cenário preocupante: quase metade (44%) dos maiores rios em regiões de jusante está transportando menos água a cada ano. Entre os sistemas afetados, destacam-se o Congo, o Yangtzé e a bacia do Rio da Prata.

Enquanto grandes rios sofrem com a diminuição do fluxo, rios menores, principalmente em regiões montanhosas, apresentam um aumento no volume de água. De acordo com os autores do estudo, embora a pesquisa não tenha investigado as causas específicas dessas mudanças, a atividade humana e a crise climática impulsionada pelos combustíveis fósseis são os principais fatores, alterando padrões de chuva e acelerando o derretimento da neve.

Colin Gleason, coautor da pesquisa e professor da Universidade de Massachusetts Amherst, enfatiza a abrangência do estudo. Segundo ele, os métodos utilizados permitiram analisar “tudo em todos os lugares ao mesmo tempo”, resultando no “mapa mais preciso do fluxo dos rios já feito”. A conclusão de Gleason é impactante: “Meu Deus, os rios do mundo são bem diferentes do que imaginávamos.”

As mudanças nos rios, considerados os “vasos sanguíneos da Terra” por Dongmei Feng, principal autora do estudo e professora da Universidade de Cincinnati, têm efeitos profundos. A diminuição do fluxo em grandes rios significa menos água para consumo humano, irrigação e criação de gado, além de reduzir a capacidade de transportar sedimentos essenciais para a proteção contra a elevação do nível do mar. Por outro lado, o aumento do fluxo em rios menores pode agravar enchentes, como demonstrado pelo aumento de 42% em grandes inundações nos pequenos rios de montanha nos últimos 35 anos.

Hannah Cloke, professora de hidrologia na Universidade de Reading, que não participou do estudo, destaca a importância do foco abrangente da pesquisa, incluindo os menores rios. “Algumas das inundações mais mortais não ocorrem necessariamente nos grandes rios que você imaginaria”, afirma Cloke, ressaltando a necessidade de entender as causas das mudanças e como responder a elas. Para Cloke, proteger os rios significa reduzir a queima de combustíveis fósseis, adaptar-se às mudanças em curso e lidar com os impactos das ações humanas sobre os rios, que são “criaturas dinâmicas e belas” que não devem ser subestimadas.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br

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