Um agente da Polícia Federal (PF), Marcelo Araújo Bormevet, réu em processo que apura suposta trama golpista, acusou o gabinete do ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, de ordenar o monitoramento do personal trainer de Jair Renan Bolsonaro. A revelação foi feita durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira. Bormevet, ex-integrante da Abin, detalhou como a ordem chegou até ele.
Bormevet negou ter tido acesso ao sistema FirstMile, ferramenta de monitoramento de autoridades. Contudo, confirmou ter recebido a incumbência de levantar informações sobre o personal trainer de Jair Renan, vereador pelo PL de Santa Catarina. “Eu recebi a demanda do gabinete para fazer o levantamento de veículos da família ou da pessoa do personal trainer do Jair Renan”, declarou o agente, enfatizando que a solicitação foi repassada a Giancarlo Rodrigues para obter dados da placa do carro.
Questionado pela juíza Luciana Yuki Fugishita, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, sobre a origem exata da ordem e a urgência demandada – conforme mensagens interceptadas pela PF –, Bormevet não soube precisar. O agente da PF especulou que a ordem partiu da “direção-geral, possivelmente através do assessor de Ramagem”, e que a ação deveria ser realizada com “serenidade”, sem justificativa aparente.
Conforme revelado anteriormente pelo Metrópoles, o personal trainer monitorado é Allan Lucena. Investigações da PF indicam que o monitoramento teve como objetivo “livrar [Jair Renan] de investigações já então em curso em inquérito policial”. O agente responsável pela execução do monitoramento seria Luiz Felipe Barros Felix, subordinado a Bormevet, levantando questionamentos sobre o uso da Abin para fins pessoais.
Bormevet integra o chamado “núcleo 4” da investigação, juntamente com outros militares e um engenheiro, todos acusados de participação em frentes de desinformação para minar a credibilidade das urnas eletrônicas e pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano golpista. Os réus enfrentam acusações graves, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada, crimes que podem acarretar em severas punições.
Fonte: http://www.metropoles.com