A exibição do filme francês “Pedaço de Mim”, da diretora Anne-Sophie Baill, no cinema Estação Net Gávea, no Rio de Janeiro, provocou um encontro entre o público, profissionais da área de acessibilidade e do cinema. O debate central girou em torno da urgente necessidade de maior representatividade e inclusão de pessoas neurodivergentes nas telas.
A trama acompanha a jornada de uma mãe confrontada com o desafio de permitir que seu filho com Transtorno do Espectro Autista (TEA) conquiste sua independência. A narrativa levanta questões sobre a capacidade de pessoas com TEA de viverem sozinhas, estabelecerem relacionamentos e construírem suas próprias famílias.
O cineasta Daniel Gonçalves, que se identifica como neurodivergente, ressalta a importância do filme em quebrar estereótipos. “No senso comum, a gente não transa. Nós somos anjos e não temos desejo”, critica Gonçalves, enfatizando a necessidade de combater o capacitismo presente na sociedade.
Flávia Pope, do Instituto JNG, defende uma mudança de perspectiva, reforçando a capacidade de pessoas neurodivergentes em interagirem com o mundo. A ONG pioneira criou o primeiro modelo de residência no Brasil para promover a autonomia e vida independente de adultos com deficiência.
A Lei Brasileira de Inclusão tem impulsionado avanços significativos, como observa a empresária Ana Mota, que atua na área de acessibilidade em espetáculos e cinemas. “As modificações da Lei Brasileira de Inclusão têm permitido incluir mais pessoas em situações cotidianas como, por exemplo, ir ao cinema”, afirma Mota.
O aumento do número de salas de cinema equipadas para receber pessoas com deficiência é um reflexo desse progresso. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), o país atingiu um novo recorde em janeiro deste ano, com 3.509 salas acessíveis.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br