No Dia dos Avós, celebramos os laços que transcendem gerações e impactam profundamente a saúde mental na velhice. A história de Dona Natercia Zerboni da Costa, de 88 anos, ilustra essa conexão poderosa. Ela reassumiu o papel de mãe ao criar seus netos, Caterine e Adelson, demonstrando que o amor e o cuidado familiar são um elixir para a alma.
Aos 60 anos, Dona Natercia dedicou-se integralmente aos netos, suprindo as dificuldades enfrentadas pela filha. “Não foi fácil, mas foi com muito amor e muito carinho e, graças a Deus, eu fui dando conta e voltei a ser mãe”, relata à CNN, evidenciando a resiliência e o afeto que a impulsionaram.
Hoje, Adelson retribui o amor e a dedicação da avó, acompanhando-a em suas atividades diárias. “Eu tenho muito orgulho de ter sido criado por ela, eu não desejo nada diferente disso”, afirma, reconhecendo a influência positiva da avó em sua vida. A independência e a força de Dona Natercia são um legado que o neto valoriza imensamente.
Estudos comprovam que a convivência familiar e social é essencial para o bem-estar mental dos idosos. A solidão, por outro lado, pode aumentar o risco de depressão, ansiedade e demências. Um estudo publicado na revista Nature Mental Health revelou que o sentimento de solidão na velhice eleva em 31% o risco de demência e em 15% a probabilidade de comprometimento das funções cognitivas.
Roni Mukamal, médico geriatra da MedSênior, alerta para o impacto da solidão na saúde dos idosos. “A pessoa sozinha fica mais triste, começa a ter falhas de memória porque não está conversando muito, começa a ter sintomas depressivos e acaba, também, fazendo menos atividade, porque não sai de casa”, explica. O isolamento social é considerado uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aumentando significativamente o risco de morte, demência e doenças cardiovasculares.
Mukamal enfatiza a importância de estimular o cérebro por meio de atividades diversas, como conversas, desafios e aprendizado contínuo. “O cérebro tem uma plasticidade e funciona como um músculo: quanto mais estimulamos, mais ele hipertrofia”, afirma. Os laços afetivos também desempenham um papel fundamental, gerando substâncias positivas no cérebro e promovendo o sentimento de pertencimento.
A troca entre gerações, como a vivenciada por Dona Natercia e Adelson, é especialmente benéfica. “Essa troca de gerações é muito benéfica para incluir o idoso nas pautas atuais da sociedade, nas tecnologias recentes e com as mudanças que ocorrem”, avalia Mukamal. O aprendizado mútuo entre jovens e idosos enriquece a vida de ambos.
É crucial oferecer apoio aos idosos, sem, no entanto, restringir sua autonomia. “O idoso não é uma criança. Ele já viveu tudo o que tinha para viver, então é preciso respeitar sua autonomia”, ressalta Mukamal. É importante encontrar um equilíbrio entre vigilância e permissão, permitindo que o idoso mantenha sua independência dentro de suas capacidades.
Adelson e Caterine exemplificam esse cuidado ao acompanhar Dona Natercia em suas atividades, garantindo sua segurança e bem-estar. “Nós fazemos companhia nos lugares a que ela tem que ir, até porque uma pessoa de 88 anos precisa de alguém disponível para qualquer necessidade ou imprevisto. Mas, honestamente, ela ainda cuida mais de nós do que nós dela”, conclui Adelson, celebrando o amor incondicional que une as gerações.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br