Em um desenvolvimento que pode impactar as delicadas negociações nucleares, o Irã anunciou que permitirá a visita de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em suas instalações nas próximas duas semanas. O anúncio, feito pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaeil Baghaei, ocorre após declarações do diretor da AIEA indicando a prontidão de Teerã para retomar as discussões técnicas.
Baghaei também revelou que um novo manual delineando a futura cooperação entre o Irã e a AIEA será apresentado, baseado em uma recente legislação que impõe restrições a essa colaboração. Essa lei exige que qualquer inspeção futura das instalações nucleares iranianas pela AIEA obtenha aprovação prévia do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, adicionando uma camada de complexidade ao processo de monitoramento.
A visita da AIEA é vista como crucial para verificar o status do programa nuclear iraniano, especialmente em relação ao estoque de cerca de 400 kg de urânio altamente enriquecido. A agência busca retomar as inspeções em um momento de tensões regionais elevadas, intensificadas por relatos de ataques aéreos israelenses e americanos que visariam o programa nuclear iraniano.
O Irã, por sua vez, reitera sua posição de que seu programa nuclear é estritamente para fins pacíficos e que o país tem o direito de enriquecer urânio como membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Baghaei também mencionou a possibilidade de retomar as negociações indiretas com os Estados Unidos se o interesse nacional iraniano assim o exigir, embora não haja planos concretos para uma nova rodada de negociações no momento.
As negociações anteriores entre Irã e EUA, mediadas por Omã, foram interrompidas após um conflito recente entre Irã e Israel. Um dos principais pontos de discórdia nessas negociações tem sido a exigência de Washington para que Teerã cesse o enriquecimento doméstico de urânio, uma questão que permanece um obstáculo para um acordo abrangente.
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