Em meio à avalanche de informações provenientes das redes sociais e serviços de streaming, a sensação de sobrecarga mental tornou-se comum. Muitos se perguntam se o cérebro humano, assim como um disco rígido, possui um limite de armazenamento. No entanto, a neurociência revela uma realidade bem mais complexa e fascinante.
Ao contrário de uma máquina, o cérebro humano é um sistema dinâmico e em constante transformação. “O cérebro cria, reorganiza e reforça conexões entre bilhões de neurônios”, explica o neurocientista Leandro Freitas Oliveira, da Universidade Católica de Brasília. Em vez de simplesmente armazenar arquivos, o cérebro constrói intrincadas redes de memória que se remodelam ao longo da vida.
A capacidade de armazenamento do cérebro é vasta, estimada em petabytes de dados, o equivalente a mais de um milhão de gigabytes. No entanto, o sistema de memória humana é mais qualitativo do que quantitativo. O cérebro realiza a poda sináptica, enfraquecendo conexões pouco utilizadas, mas a memória pode ser fortalecida com o uso e repetição.
As emoções desempenham um papel crucial na fixação da memória. Situações marcantes, sejam positivas ou negativas, ativam áreas cerebrais que aumentam a probabilidade de armazenamento a longo prazo. “Se uma pessoa bate o dedão na quina da porta, pode ter certeza que vai se lembrar da cor, da textura e de todos os detalhes da porta. Isso acontece porque esse evento gerou uma emoção”, exemplifica o neurocirurgião Amauri Araújo Godinho.
Para preservar a memória e manter o cérebro saudável, algumas atitudes são fundamentais: dormir bem, praticar atividade física, aprender coisas novas, reduzir o tempo de tela, meditar e socializar. Embora a tecnologia seja uma aliada, delegar demais funções cerebrais pode enfraquecer circuitos importantes de memória, planejamento e tomada de decisão. Utilize a tecnologia para facilitar a vida, não para substituí-la.
Fonte: http://www.metropoles.com