O tráfico de pessoas no Brasil e envolvendo brasileiros tem se mostrado um desafio crescente. Entre 2017 e 2025, um total de 238 vítimas foram resgatadas em operações policiais, revelando a persistência e a complexidade dessa atividade criminosa. Os dados da Polícia Federal (PF) indicam um aumento preocupante nos casos, com 14 resgates em 2017 e 46 já registrados em 2025, antes do término do ano.
As investigações da PF detalham as diversas formas de exploração a que as vítimas são submetidas. Em 2025, foram registrados 22 inquéritos relacionados ao tráfico para exploração sexual, 17 para trabalhos forçados em condições análogas à escravidão, 6 para diferentes formas de servidão e 1 para adoção ilegal. A complexidade dos casos é acentuada pelo fato de que um único inquérito pode envolver múltiplas vítimas, sugerindo que o número total de pessoas traficadas pode ser ainda maior.
Embora o tráfico para remoção de órgãos não tenha sido registrado em 2025 até o momento, essa prática foi identificada em anos anteriores, com casos notórios em 2022, 2021 e 2019. O levantamento do período investigado aponta 171 registros de tráfico para exploração sexual e 88 para adoção ilegal, evidenciando as principais motivações por trás desse crime.
“O tráfico humano é um crime silencioso, mas com efeitos devastadores”, alerta o delegado da PF Luciano Leiro, presidente da ADPF. Ele enfatiza a necessidade de mobilização de toda a sociedade no combate a essa prática, que exige esforços coordenados e contínuos.
A dinâmica do tráfico humano tem passado por mudanças significativas nos últimos anos. De acordo com a Polícia Federal, a Ásia emergiu como um novo polo de atração, substituindo a Europa como principal destino das vítimas. Em junho, a PF resgatou uma brasileira em Myanmar, vítima de exploração sexual, revelando a atuação de grupos criminosos compostos por cidadãos chineses estabelecidos no Brasil, que aliciam jovens com falsas promessas de emprego.
Em fevereiro, a CNN noticiou o resgate de dois brasileiros mantidos em cárcere privado na mesma região, após serem submetidos a tortura e trabalho forçado por uma máfia de golpes cibernéticos. Apesar do aumento dos casos na Ásia, a Europa continua a ser um destino para o tráfico, como demonstrado por uma operação da PF em julho, que investigou um esquema de tráfico internacional de mulheres para exploração sexual.
A Polícia Federal reforça seu compromisso com a proteção das vítimas, a prisão de líderes criminosos e a descapitalização dos grupos envolvidos. A PF também incentiva a utilização do canal Comunica PF para o envio de denúncias, que podem auxiliar nas investigações e no combate ao tráfico de pessoas.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br
