21 de agosto – Dia Internacional de Combate ao Abandono de Animais

No dia 21 de agosto, o mundo volta os olhos para uma realidade que, infelizmente, ainda é recorrente: o abandono de animais. A data marca o Dia Internacional de Combate ao Abandono de Animais, um chamado à consciência coletiva para enfrentar uma prática cruel que não apenas fere nossos princípios éticos, mas também compromete a saúde pública e o equilíbrio social.

O abandono não se resume a números estatísticos, ele se traduz em olhares de medo, fome e solidão de seres indefesos. Estima-se que, apenas no Brasil, milhões de cães e gatos vivam em situação de rua, sujeitos à violência, à fome, a doenças e ao frio. E, em muitos casos, esse abandono parte de pessoas que antes lhes ofereceram um lar.

O impacto social e de saúde pública

Animais abandonados não sofrem apenas a dor do descaso humano, mas acabam se tornando parte de uma cadeia de problemas sociais. Doenças como leishmaniose, raiva e verminoses encontram nesses animais vulneráveis um ambiente propício para se espalhar, atingindo também os seres humanos. Além disso, a superpopulação animal nas ruas sobrecarrega ONGs, protetores independentes e os próprios municípios, que muitas vezes não têm estrutura para atender a essa demanda crescente.

O dever ético e legal

No Brasil, o abandono de animais domésticos não é apenas um ato de crueldade, é crime. A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998, art. 32) prevê detenção de três meses a um ano, além de multa, para quem maltratar ou abandonar. A legislação foi reforçada pela Lei nº 14.064/2020, que aumentou a pena para reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda, nos casos envolvendo cães e gatos.

Casos emblemáticos, como o do cão Manchinha em 2018, chocaram o país e impulsionaram mudanças legislativas. Outro exemplo foi o abandono de centenas de búfalos em Brotas, revelando a gravidade da negligência contra animais no Brasil. Esses episódios mostram que a mobilização da sociedade é capaz de provocar avanços na lei e na consciência coletiva.

A importância da denúncia

Apesar do avanço jurídico, a efetividade da lei depende da denúncia. Sem que a sociedade se posicione, muitos crimes continuam invisíveis. Denunciar maus-tratos ou abandono é simples: pode ser feito em delegacias, ao Ministério Público, pela Polícia Militar (190) ou pelos canais ambientais municipais. Quanto mais se denuncia, maior a chance de punição e de salvar vidas.

Uma escolha que define quem somos

Ao refletirmos sobre esta data, é inevitável pensar que a forma como tratamos os animais revela muito de nossa própria humanidade. Como escreveu Victor Hugo, “a alma de uma sociedade se mede pelo tratamento que ela dispensa aos seus animais”.

Combater o abandono, portanto, é mais do que proteger os cães e gatos que hoje vagam pelas ruas; é também um compromisso com a justiça, a compaixão e o respeito à vida.

Se queremos um futuro mais justo, precisamos começar pelo respeito aos mais indefesos. E os animais, sem voz, contam conosco para serem defendidos.

 

– Daiany Schmidt

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