Pesquisa pode levar à criação de analgésicos mais seguros
Pesquisa da Universidade de Indiana desvenda como o paracetamol atua no alívio da dor, podendo abrir portas para analgésicos mais seguros.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Indiana (EUA) trouxe à tona informações importantes sobre o paracetamol, um dos analgésicos mais vendidos no mundo e usado há 70 anos para aliviar dores e febres. Publicada na revista Cell Reports Medicine, a pesquisa revelou que o medicamento não atua aumentando as substâncias químicas que promovem o bem-estar, como se acreditava, mas sim diminuindo um endocanabinoide, o 2-AG.
Contexto da pesquisa
A pesquisa aborda um paradoxo crítico: embora o paracetamol cause anualmente cerca de 500 mortes por overdose nos Estados Unidos, alternativas mais seguras ainda não foram desenvolvidas. O estudo investigou a interação do paracetamol com os endocanabinoides, que modulam a percepção da dor, abrindo novas possibilidades para a criação de analgésicos mais eficazes e com menos riscos de toxicidade.
Mecanismo de ação
Os resultados indicam que o paracetamol inibe a enzima responsável pela produção do 2-AG, o que, paradoxalmente, leva a uma diminuição da dor nos camundongos testados. Essa descoberta contradiz a crença estabelecida de que a ativação dos receptores CB1, estimulados pelos endocanabinoides, seria a chave para o alívio da dor. O coautor do estudo, Alex Straiker, menciona que o trabalho desafia um “dogma científico” de cinco décadas.
Implicações para a saúde pública
A toxicidade do paracetamol é um grave problema de saúde pública, sendo a segunda principal causa de transplante de fígado no mundo. Diante disso, os pesquisadores reforçam a urgência de compreender como o medicamento atua. Identificar a enzima como alvo potencial pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de novas medicações que mantenham a eficácia do paracetamol, mas com menos riscos associados.