O impacto do "risco Trump" nos mercados financeiros volta a ser sentido, com o dólar perdendo força e o euro se valorizando. Essa mudança ocorre em meio a incertezas sobre a política monetária dos EUA e a possibilidade de interferência política no Federal Reserve. O economista Aurélio Bicalho analisa a situação, destacando que a fragilidade do dólar pode redirecionar investimentos para mercados emergentes. Apesar das incertezas fiscais e políticas no Brasil, a Bolsa tem atingido recordes históricos, refletindo uma expectativa positiva em relação ao futuro econômico do país.
O "risco Trump" volta a impactar o mercado global, resultando na desvalorização do dólar e na valorização do euro. Entenda os efeitos dessa dinâmica.
O mercado global voltou a dar sinais de que o chamado “risco Trump” pode se tornar um dos principais vetores de volatilidade nos próximos meses. O dólar perdeu força e o euro atingiu o maior patamar desde 2021, movimento impulsionado por dúvidas sobre a condução da política monetária nos Estados Unidos e pela possibilidade de maior interferência política no Federal Reserve.
Gatilhos do movimento no câmbio
O gatilho veio de duas frentes. Por um lado, indicadores do mercado de trabalho americano abriram espaço para cortes de juros pelo Fed. Por outro, a política tarifária de Donald Trump e sua influência sobre decisões econômicas reacenderam receios sobre a credibilidade da moeda americana. A combinação de juros em queda e risco de ingerência política enfraquece o dólar e desloca capital para outras geografias.
Análise de especialistas
Aurélio Bicalho, economista-chefe e sócio da Vinland Capital, analisou o tema em entrevista ao Stock Pickers, apresentando a visão de que parte do mercado reage de forma mais dura às tarifas de Trump do que à escalada geopolítica recente. “Hoje vemos China, Rússia, Irã e Coreia do Norte mais articulados. O perigo está muito mais aí do que nas tarifas do Trump”, afirmou.
O cenário geopolítico
Segundo Bicalho, a ausência dos Estados Unidos como “polícia do mundo” durante o governo Biden abriu espaço para tensões globais, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e os ataques do Hamas a Israel. Nesse contexto, o retorno de Trump ao protagonismo poderia ter reduzido parte da incerteza geopolítica imediata.
Perspectivas para o Brasil
Do ponto de vista dos investidores, o dólar mais fraco combinado a um alívio relativo no campo geopolítico cria condições para redirecionar recursos a ativos de risco fora dos EUA, especialmente em mercados emergentes. Isso explica a valorização do euro e a reabertura de espaço para diversificação de alocação global. No Brasil, a bolsa tem renovado recordes históricos, mesmo diante de incertezas fiscais e políticas. Apesar dos desafios, o mercado parece antecipar uma eventual transição de governo em 2026, aproveitando o “carrego” positivo até lá.