Entenda como práticas regenerativas podem impulsionar a produtividade e a sustentabilidade
Investir na saúde do solo é essencial para a pecuária moderna e a mitigação das mudanças climáticas.
O investimento na saúde do solo emerge como o principal ativo da pecuária moderna. A adoção de práticas regenerativas não apenas impulsiona a produtividade e a segurança alimentar, mas também se apresenta como uma estratégia robusta para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Em entrevista ao programa Giro do Boi, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Alberto Bernardi, afirmou que um solo saudável é um sistema vivo que, quando bem manejado, tem o poder de reverter o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera.
Estratégias como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e o plantio direto são cruciais para essa transformação.
Números e indicadores do caso
A Embrapa destaca que a combinação de culturas, como a soja — uma leguminosa que fixa nitrogênio no solo — com o plantio direto, gera uma economia bilionária para o produtor e é essencial para a recuperação de áreas degradadas. O Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares de pastagem. O pesquisador Alberto Bernardi enfatiza que uma área mal manejada é uma fonte de degradação e perda de carbono. Contudo, quando a pastagem é bem manejada, ela se transforma em um eficiente sumidouro de carbono, sequestrando o gás carbônico da atmosfera e estocando-o no solo sob a forma de matéria orgânica. A ILPF é apresentada como a alternativa mais eficaz para reverter o quadro de pastagens degradadas, que hoje atinge uma área estimada entre 30 e 40 milhões de hectares.
Práticas recomendadas pela Embrapa
Priorizar a saúde do solo pavimenta o caminho da sustentabilidade e da resiliência climática para o agronegócio brasileiro. Essa integração devolve ao solo sua saúde química, física e biológica, garantindo um robusto retorno econômico ao produtor, além de inúmeras vantagens ambientais. O solo, rico em matéria orgânica e biologicamente ativo, atua como o grande reservatório de carbono do sistema produtivo. Para o pecuarista que se prepara para a safra de verão, as práticas de agricultura regenerativa englobam a agricultura conservacionista, que tem como pilares a rotação de culturas, o plantio direto e a manutenção do solo coberto o ano todo.
Dicas práticas para aprimorar o manejo
A Embrapa fornece dicas práticas para aprimorar o manejo: a reforma do pasto é vital. Se o solo já estiver corrigido, o produtor deve priorizar o plantio direto, sem revolvimento, para preservar a estrutura e o acúmulo de matéria orgânica. Os sistemas arborizados são outra área de pesquisa da Embrapa, que investe em sistemas silvipastoris e pastagens arborizadas. Esses sistemas não apenas promovem o bem-estar animal, oferecendo sombra e conforto térmico, mas também impulsionam o acúmulo de carbono em profundidade, devido ao crescimento conjunto das raízes da árvore e da forrageira.
O uso de leguminosas, como a soja, é um excelente exemplo de sustentabilidade e economia, pois, ao fixar nitrogênio no solo, elimina a necessidade de adubação nitrogenada, gerando uma economia significativa e reduzindo a pegada de carbono da produção. Essas tecnologias brasileiras são a prova concreta do engajamento do produtor rural com a produção sustentável.