Descobertas em lua de Saturno ampliam esperança de vida extraterrestre
Novas moléculas orgânicas foram encontradas em Encélado, lua de Saturno, indicando reações químicas que podem ser semelhantes às que originaram a vida na Terra.
Novas moléculas orgânicas complexas foram identificadas em grãos de gelo expelidos do interior de Encélado, lua de Saturno, em 02 de outubro de 2025, ao meio-dia. O achado, publicado na revista Nature Astronomy, sugere que o oceano subterrâneo do astro abriga reações químicas semelhantes às que precederam a origem da vida na Terra.
Descobertas da sonda Cassini
Os dados foram coletados pela sonda Cassini, que entre 2004 e 2017 explorou o sistema de Saturno. Em 2008, a espaçonave atravessou diretamente um jato de gelo e vapor que irrompia das fendas no polo sul de Encélado, capturando amostras recém-expelidas pelo oceano interno. Nesse material, os cientistas encontraram compostos nunca antes vistos, incluindo ésteres, alcenos alifáticos, éteres e compostos com nitrogênio e oxigênio — elementos fundamentais nas cadeias químicas que, na Terra, deram origem às primeiras moléculas biológicas.
Implicações para a vida extraterrestre
Segundo o pesquisador Nozair Khawaja, principal autor do estudo, as moléculas identificadas ajudam a compreender melhor a composição do oceano subterrâneo. As análises mostraram que os compostos orgânicos encontrados anteriormente no anel E de Saturno vêm do interior de Encélado, indicando que o oceano sob a crosta gelada da lua é quimicamente ativo e reúne elementos essenciais à vida, como água líquida, fonte de energia e moléculas orgânicas complexas.
Comparações com a Terra
Na Terra, ambientes semelhantes, como fontes hidrotermais no fundo do oceano, abrigam comunidades microbianas que sobrevivem sem luz solar, sustentadas apenas por reações químicas entre água e rocha. A presença de compostos orgânicos em Encélado sugere que processos parecidos podem estar ocorrendo lá, ampliando as expectativas sobre a possibilidade de vida extraterrestre.
Próximos passos na pesquisa espacial
As descobertas reforçam os planos da Agência Espacial Europeia (ESA) de enviar uma missão exclusiva a Encélado. A ideia é coletar amostras dos jatos que saem do polo sul da lua e, se possível, pousar na superfície para analisar o material diretamente no local. Segundo Nicolas Altobelli, cientista do projeto Cassini na ESA, o estudo mostra a importância de revisitar dados antigos com novas ferramentas.