Petrobras recebe autorização para perfurações na Margem Equatorial

Ricardo Moraes

Análise revela potencial econômico, mas cautela persiste no mercado

Autorização do Ibama marca um avanço, mas mercado permanece cauteloso quanto às reservas.

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) que recebeu a autorização do Ibama para perfurações na Margem Equatorial, destravando um impasse ambiental que durava anos. A exploração na Margem Equatorial é um tema relevante, pois analistas destacam que a etapa é de caráter exploratório, voltada à coleta de dados geológicos, e ainda não envolve a extração efetiva de petróleo.

Análise de especialistas

“Ainda não há certezas se haverá reservas comercialmente viáveis, portanto, o impacto imediato no resultado da Petrobras ou no fluxo de caixa é bem limitado”, resume Gustavo Trotta, especialista e sócio da Valor Investimentos. Ele ressalta que o processo autorizado permitirá mapear informações sobre petróleo e gás, além de avaliar a viabilidade econômica da bacia. “Não há produção de petróleo nessa fase”, reforçou a empresa em comunicado.

Projeções e oportunidades

De acordo com o relatório do Itaú, a Bacia da Foz do Amazonas pode conter até 5,7 bilhões de barris de petróleo, elevando em 34% as reservas do Brasil e em 58% as da Petrobras. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) calcula que a exploração na Margem Equatorial brasileira possa gerar 495 mil empregos e injetar R$ 175 bilhões no PIB nos próximos anos. Apesar do otimismo, o mercado atua com cautela devido à necessidade de comprovar a viabilidade comercial do investimento.

Desafios e o cenário global

“É preciso esperar quatro, cinco meses para essas reservas possíveis se tornarem provadas”, conclui um analista. Além disso, o resfriamento das economias americana e chinesa pode afetar a demanda por petróleo, o que traz incertezas adicionais. “Todas as projeções indicam que há sobreoferta de petróleo e a demanda pode desacelerar ainda mais nos próximos meses”, alerta Bruno Benassi, analista de Ativos da Monte Bravo. Com o barril de petróleo atualmente em torno de US$ 61, há dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de equilibrar capex, aquisições e pagamento de dividendos.

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