Análise revela potencial econômico, mas cautela persiste no mercado
Autorização do Ibama marca um avanço, mas mercado permanece cauteloso quanto às reservas.
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) que recebeu a autorização do Ibama para perfurações na Margem Equatorial, destravando um impasse ambiental que durava anos. A exploração na Margem Equatorial é um tema relevante, pois analistas destacam que a etapa é de caráter exploratório, voltada à coleta de dados geológicos, e ainda não envolve a extração efetiva de petróleo.
Análise de especialistas
“Ainda não há certezas se haverá reservas comercialmente viáveis, portanto, o impacto imediato no resultado da Petrobras ou no fluxo de caixa é bem limitado”, resume Gustavo Trotta, especialista e sócio da Valor Investimentos. Ele ressalta que o processo autorizado permitirá mapear informações sobre petróleo e gás, além de avaliar a viabilidade econômica da bacia. “Não há produção de petróleo nessa fase”, reforçou a empresa em comunicado.
Projeções e oportunidades
De acordo com o relatório do Itaú, a Bacia da Foz do Amazonas pode conter até 5,7 bilhões de barris de petróleo, elevando em 34% as reservas do Brasil e em 58% as da Petrobras. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) calcula que a exploração na Margem Equatorial brasileira possa gerar 495 mil empregos e injetar R$ 175 bilhões no PIB nos próximos anos. Apesar do otimismo, o mercado atua com cautela devido à necessidade de comprovar a viabilidade comercial do investimento.
Desafios e o cenário global
“É preciso esperar quatro, cinco meses para essas reservas possíveis se tornarem provadas”, conclui um analista. Além disso, o resfriamento das economias americana e chinesa pode afetar a demanda por petróleo, o que traz incertezas adicionais. “Todas as projeções indicam que há sobreoferta de petróleo e a demanda pode desacelerar ainda mais nos próximos meses”, alerta Bruno Benassi, analista de Ativos da Monte Bravo. Com o barril de petróleo atualmente em torno de US$ 61, há dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de equilibrar capex, aquisições e pagamento de dividendos.