Trump busca na América Latina saída para crise hegemônica dos EUA

Arte Metrópoles/Gabriel Lucas

A nova ofensiva dos EUA visa conter a influência da China na região

A ofensiva de Trump na América Latina busca reverter a crise hegemônica dos EUA em meio a tensões geopolíticas.

Em meio a ataques militares no Caribe e acusações contra o presidente colombiano Gustavo Petro, o norte-americano Donald Trump volta atenção à América Latina, como peça central para recompor o poder dos Estados Unidos no tabuleiro geopolítico. A nova ofensiva ocorre em um momento em que o país enfrenta uma própria crise de hegemonia e tenta conter a expansão econômica e diplomática da China.

A escalada militar e as acusações

Na última semana, Trump acusou Petro de “liderar o tráfico de drogas” e anunciou a suspensão de subsídios de Washington a Bogotá. Poucas horas depois, o secretário de Guerra norte-americano, Pete Hegseth, confirmou um novo ataque militar contra uma embarcação colombiana supostamente ligada ao grupo guerrilheiro ELN, classificado pelos EUA como organização terrorista. Segundo o Pentágono, o barco transportava “quantidades substanciais de drogas”, mas nenhuma prova concreta foi apresentada. Em resposta, Petro acusou os Estados Unidos de violarem a soberania colombiana, afirmando que um pescador civil foi morto pelas forças norte-americanas.

Impactos na política latino-americana

A estratégia de Trump combina pressão militar, chantagens econômicas e negociações seletivas com governos da região. Além da Colômbia, o presidente intensificou as ameaças à Venezuela, impôs tarifas ao Brasil e anunciou apoio financeiro à Argentina, onde aposta no alinhamento de Javier Milei. O historiador Roberto Moll observa que a política externa dos EUA busca abrir caminho para investimentos transnacionais, especialmente na exploração de recursos naturais.

A concorrência com a China

A presença chinesa na América Latina é outro fator central. Nas últimas duas décadas, Pequim ampliou investimentos em infraestrutura, energia e mineração na região, áreas antes dominadas por Washington. Moll destaca que Trump tenta afastar Pequim de setores estratégicos, como o acesso a terras raras e petróleo em condições favoráveis. O Brasil, por sua vez, enfrenta a imposição de tarifas e busca apoio político, enquanto tenta evitar ser visto como conivente com intervenções na soberania de países vizinhos.

Conclusão

Diante de uma crise interna significativa, os EUA já entraram na quarta semana de shutdown, a terceira paralisação mais longa da história do país. A estratégia de Trump não se limita apenas à retórica contra o narcotráfico, mas reflete uma tentativa de recompor a hegemonia interna e externa dos Estados Unidos, criando conflitos entre aliados que pedem intervenções e uma base trabalhadora que rejeita os custos dessa política.

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