Sangue de aranha brasileira apresenta potencial contra fungos resistentes

Divulgação/Instituto Butantan

Pesquisadores do Instituto Butantan descobrem terapia inovadora a partir da aranha Acanthoscurria rondoniae

Estudo do Instituto Butantan revela que molécula do sangue de aranha pode combater fungos resistentes.

Ao extrair uma molécula do sangue da aranha Acanthoscurria rondoniae, cientistas do Instituto Butantan identificaram uma possível terapia contra fungos resistentes, como os gêneros Candida e Trichosporon. A rondonina, como foi batizada, demonstrou eficácia em testes laboratoriais, com baixa toxicidade para humanos. Essa aranha, uma espécie de tarântula da Amazônia, pode ser a chave para novos tratamentos em saúde.

Impacto global das infecções fúngicas

Estudos apontam que fungos atacam 6,5 milhões de pessoas no mundo, resultando em aproximadamente 2,5 milhões de mortes anualmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou, em um relatório de 2022, a necessidade urgente de fortalecer a resposta imunológica a infecções fúngicas e resistência antifúngica em nível global.

Propriedades da rondonina

A molécula rondonina é um fragmento da hemocianina, uma proteína sanguínea responsável pelo transporte de oxigênio na aranha. Em análises, a rondonina apresentou maior eficiência contra fungos unicelulares, sendo crucial para o tratamento de pacientes com o sistema imunológico comprometido, onde os fungos podem causar doenças graves com altas taxas de mortalidade, especialmente em UTIs.

Mecanismo de ação

Os pesquisadores utilizaram simulações computacionais para entender como a rondonina combate os fungos. Foram identificados dois alvos principais: a proteína da membrana externa F e a proteína que envolve o DNA do patógeno. Ao entrar na célula do fungo, a molécula ataca diretamente o material genético, impedindo sua replicação, o que sugere um alto grau de especificidade e segurança para células humanas.

Futuros passos na pesquisa

A equipe liderada pelo pesquisador Pedro Ismael da Silva Junior continua a investigar a rondonina, buscando partes da molécula que possam ser ainda mais eficazes e de menor custo. Em estudos paralelos, a equipe desenvolveu também um peptídeo com atividade antitumoral, mostrando o potencial abrangente das pesquisas em biotecnologia. A próxima fase incluirá mais testes para aprofundar o conhecimento sobre a eficácia da rondonina.

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