Bahia abriga cemitério com mais de 100 mil corpos de escravizados

Antigo cemitério da Pupileira, em Salvador (BA)  • UFBA

Descoberta histórica revela a importância do local no contexto da memória afro-brasileira

Cemitério em Salvador pode abrigar mais de 100 mil corpos de escravizados, revelando um capítulo sombrio da história.

Pesquisas apresentadas ao Ministério Público da Bahia (MPBA) indicam que o antigo cemitério localizado no estacionamento da Pupileira, em Salvador, abriga os corpos de mais de 100 mil pessoas escravizadas. A reunião discutiu o tema na última sexta-feira (24), reunindo arqueólogos, promotores e representantes de instituições como a Santa Casa e o Iphan.

A importância da preservação

O MPBA solicitou que o espaço, atualmente usado como estacionamento, seja fechado. O promotor Alan Cedraz destacou a necessidade de proteger o local como um sítio arqueológico de memória sensível e iniciar um processo de reparação histórica. A arqueóloga Jeanne Almeida apresentou os resultados de levantamentos realizados em maio deste ano, que identificaram materiais e fragmentos ósseos humanos.

Cemitério do Campo da Pólvora

Identificado como parte do antigo Cemitério do Campo da Pólvora, o local pode abrigar mais de 100 mil corpos, incluindo indivíduos marginalizados como indigentes e não-batizados. A descoberta, anunciada em coletiva de imprensa, revela um capítulo sombrio da história e destaca a necessidade de reconhecimento oficial do espaço como Sítio Arqueológico.

Próximos passos

O Iphan já emitiu parecer favorável à proteção do espaço, que foi encaminhado ao Centro Nacional de Arqueologia. Além disso, um ato inter-religioso reafirmou o compromisso de que a gestão do espaço respeite a memória histórica. As escavações, que revelaram ossadas a 2,7 metros de profundidade, não tiveram os materiais retirados devido à fragilidade, e o local foi coberto para preservação.

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