Entenda como a cobrança de impostos afetou os resultados da plataforma no terceiro trimestre de 2025.
Disputa tributária afeta lucro da Netflix no Brasil, levando a uma queda significativa no valor de mercado da empresa.
Uma disputa envolvendo a cobrança de impostos no Brasil chamou atenção durante a divulgação do balanço financeiro mais recente da Netflix. Na terça-feira (21), a plataforma anunciou que teve lucro de US$ 2,5 bilhões entre julho e setembro, abaixo dos US$ 3 bilhões esperados pelos analistas. Com isso, as ações da companhia recuaram, e o valor de mercado passou de US$ 527 bilhões para US$ 494 bilhões no mesmo dia.
A disputa tributária
A Netflix explicou a investidores que uma cobrança de impostos no país afetou seus resultados. O resultado veio abaixo do esperado devido a uma disputa tributária “em andamento” no Brasil, que a obrigou a registrar uma despesa de US$ 619 milhões no terceiro trimestre. O caso envolve a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), um imposto cuja aplicação foi ampliada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto, afetando também outras empresas.
Entenda a Cide
A Cide é um tributo federal usado para regular setores da economia e financiar políticas públicas. No caso da Netflix, a Cide conhecida como Cide-Tecnologia incide sobre pagamentos ao exterior, visando estimular a inovação nacional. O imposto é cobrado desde 2001 no Brasil, afetando a importação de serviços e tecnologias, com uma alíquota de 10% sobre remessas ao exterior. A decisão do STF em agosto manteve a constitucionalidade da Cide sobre remessas ao exterior, abrangendo qualquer tipo de contrato.
Implicações para a Netflix e o mercado
Especialistas em tributação alertam que a decisão sobre a Cide pode elevar os preços das assinaturas no Brasil. A carga tributária elevada e a complexidade do sistema no Brasil geram insegurança jurídica e altos custos de conformidade. A Netflix, que já pagou à sua matriz nos EUA por serviços de operação de assinaturas, agora deve provisionar para essas novas obrigações tributárias, impactando seus lucros.
O caso da Netflix demonstra que o Brasil continua sendo um mercado relevante, mas com riscos fiscais altos e uma tendência de aumento na tributação sobre o consumo digital.