Análise de amostras revela clima do passado

O ar mais antigo já medido foi encontrado em amostras de gelo da Antártida, preservado por 6 milhões de anos. A equipe liderada pela glaciologista Sarah Shackleton fez a descoberta em Allan Hills.

Em 2 de novembro de 2025, a equipe liderada pela glaciologista Sarah Shackleton, do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, anunciou a descoberta do ar mais antigo já medido na Terra, encontrado em amostras de gelo de Allan Hills, na Antártida. O ar, preservado por cerca de 6 milhões de anos, representa o registro climático mais antigo obtido por datação direta.

Análise das amostras

Os cientistas perfuraram o solo em três pontos, a profundidades entre 150 e 206 metros, encontrando bolhas microscópicas de ar aprisionadas dentro do gelo. Esse ar funciona como uma cápsula do tempo natural, guardando informações sobre a atmosfera e o clima do planeta em épocas remotas. As condições extremas em Allan Hills, onde ventos fortes e frio intenso impedem o acúmulo de neve, tornam o local ideal para a preservação desse tipo de registro.

Descobertas sobre o clima

As análises mostraram que a camada mais profunda continha gelo formado há cerca de 6 milhões de anos, no final do período Mioceno. Outras amostras datavam do Plioceno, entre 5,3 e 2,6 milhões de anos atrás, permitindo observar a evolução do clima da Terra. Os resultados indicam que a Antártida era aproximadamente 12 °C mais quente do que hoje e que o resfriamento ocorreu de forma gradual. Essas descobertas são essenciais para compreender as variações naturais de temperatura antes da ação humana.

Futuras expedições

Os pesquisadores planejam novas expedições a Allan Hills entre 2026 e 2031 para perfurar camadas ainda mais profundas e recuperar registros mais antigos, o que pode revelar a composição da atmosfera da época e os gases de efeito estufa presentes. Essas informações serão fundamentais para entender o comportamento climático da Terra em períodos de aquecimento global semelhantes aos que enfrentamos atualmente.