Mudanças de cor e aceleração não gravitacional chamam atenção dos astrônomos
O cometa 3I/ATLAS mudou de cor e apresentou aceleração provocada por fatores além da gravidade, intrigando os cientistas.
Um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão de pares para publicação, revela que o cometa interestelar 3I/ATLAS mudou de cor pela segunda vez e está apresentando evidências de uma aceleração provocada por outros fatores além da gravidade. O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar confirmado a passar pelo Sistema Solar, depois do asteroide 1I/‘Oumuamua e o cometa 2I/Borisov. Ele foi detectado em 1º de julho por astrônomos do Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês), financiado pela NASA, que monitora corpos celestes que possam representar risco de colisão com o nosso planeta.
Desde então, o “forasteiro” vem sendo monitorado constantemente, tendo em vista que ele pode ser uma verdadeira cápsula do tempo, preservando material que remonta a muitos bilhões de anos – um vestígio de como era o ambiente nas primeiras eras do Universo. Entender a composição desse objeto pode ajudar a revelar de que parte da galáxia e em quais condições ele se formou.
Mudanças observadas
Recentemente, o cometa 3I/ATLAS apresentou um aumento súbito de brilho e um aspecto mais azul em relação ao Sol. Essa mudança de cor indica transformações químicas na superfície do cometa conforme ele se aquece e libera gases. A ejeção de gases e poeira deve causar perda de massa e produzir uma pluma visível. A missão JUICE pode investigar essa pluma nas próximas semanas, apresentando uma oportunidade única de observar em tempo real o comportamento de um cometa interestelar enquanto interage com o Sol.
Aceleração e mistério
O engenheiro de navegação Davide Farnocchia, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA, relatou que o 3I/ATLAS está acelerando de forma que não pode ser explicada apenas pela gravidade. Essa “aceleração não gravitacional” foi medida a cerca de 203 milhões de km de distância da estrela. Os cálculos indicam que, nesse ritmo, o 3I/ATLAS pode perder até um décimo de sua massa total em poucos meses. Essa perda de material deve produzir uma pluma de gás bastante visível entre este e o próximo mês.
Expectativas futuras
Os astrônomos esperam que o 3I/ATLAS fique visível novamente, com previsão de que isso comece a acontecer esta semana. Os autores do novo artigo acreditam que ele estará ainda mais brilhante do que quando desapareceu atrás do Sol, possivelmente devido à liberação intensa de gases. Contudo, o comportamento do brilho do cometa é imprevisível, podendo aumentar, estabilizar ou cair rapidamente, dependendo de como o núcleo do cometa reagiu ao calor solar. Cada novo dado sobre ele oferece pistas valiosas sobre os processos que moldam cometas além do nosso Sistema Solar e a evolução do próprio Universo.
Fonte: olhardigital.com.br


