Especialista dá dicas de como as empresas devem lidar com o novo perfil de profissionais
Até 2025, a Geração Z deve representar cerca de 25% da força de trabalho global, é o que aponta o relatório da consultoria McKinsey. Essa geração traz consigo um conhecimento natural das novas tecnologias e valoriza a diversidade e a inclusão de maneiras que gerações anteriores ainda têm dificuldade em compreender. Além disso, a chegada do “zennials” ao mercado de trabalho traz às empresas um desafio sem precedentes: adaptar-se para atrair esses jovens enquanto integram três perfis profissionais distintos em um mesmo ambiente.
Segundo o consultor de carreira e negócios da ESIC, Alexandre Weiler, com a entrada da Geração Z e Y no mercado de trabalho, as empresas estão sendo desafiadas a repensar suas estratégias de liderança, atração e integração de talentos. “A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre meados dos anos 1995 e 2010, é conhecida por ser altamente conectada digitalmente, valorizar a diversidade e buscar propósito em suas carreiras. Por outro lado, a Geração Y, ou Millennials, nascidos entre o início dos anos 1980 e meados dos anos 1990, são reconhecidos pela busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de valorizarem o desenvolvimento contínuo e o feedback constante. Essas gerações trazem consigo uma série de características únicas e expectativas em relação ao ambiente de trabalho, exigindo uma abordagem diferenciada por parte das organizações”, explica.
Geração que não está interessada em cargos de liderança
A Geração Z percebe o sucesso de maneira diferente das gerações anteriores, não o associando a rapidez na ascensão profissional, como apontam os dados coletados pela plataforma de análise de pessoal e planejamento de força de trabalho, Visier, que mostram que 91% dos colaboradores entrevistados não desejam se tornar gestores devido a expectativas de aumento de estresse ou pressão, ou simplesmente porque estão satisfeitos com suas funções atuais. “É inegável que essa nova geração está desafiando os conceitos tradicionais do ambiente corporativo, reescrevendo as normas do jogo profissional e mudando a dinâmica estabelecida. Os membros da Geração Z acreditam que são mais do que seus empregos e desejam que seus empregadores reconheçam isso. Embora busquem crescimento e impacto em seus trabalhos, não estão interessados em estabelecer raízes profundas na empresa ou ocupar cargos de liderança, muitas vezes se sentindo estagnados devido à dificuldade em visualizar a longo prazo”, explica Weiler.
O especialista explica que essa falta de interesse da Geração Z em cargos de liderança afeta os planos de sucessão e crescimento das organizações, representando um problema que precisa ser pensado pelas empresas que devem entender como irão lidar com esse novo perfil de profissionais, adaptando-se para motivá-los e mantê-los engajados. “A Geração Z, em comparação com todas as gerações anteriores, dá grande importância a experiências significativas, flexibilidade e um ambiente de trabalho que priorize o bem-estar dos colaboradores. Muitas vezes, assumir cargos de liderança está ligado a uma carga de trabalho pesada e a compromissos extensos, o que pode ser visto como contraditório com a busca por qualidade de vida. A questão é como as empresas irão lidar com esse novo perfil de profissional”, conta Weiler.
Como atrair, liderar e integrar
Weiler explica que diante dessas características, as empresas estão adotando abordagens inovadoras para liderar, atrair e integrar esses jovens talentos, com estratégias de liderança que estão sendo adaptadas para promover um estilo mais colaborativo e inclusivo, onde as ideias e perspectivas dessas gerações são valorizadas. “Em um ambiente que reúne profissionais de diferentes idades como nunca antes, a habilidade de diálogo se torna indispensável. Além disso, as organizações estão investindo em programas de desenvolvimento profissional e oportunidades de crescimento claro e tangível, atendendo às expectativas de progressão de carreira desses profissionais, que em geral não estão tão preocupados em ocupar cargos de liderança e na estabilidade”, explica.
A atração de talentos da Geração Z e Y também está sendo repensada, com empresas focando não apenas em remuneração competitiva, mas também em aspectos como cultura organizacional, flexibilidade no trabalho e responsabilidade social corporativa. “Estratégias de recrutamento inovadoras, como o uso de plataformas digitais e redes sociais, estão sendo amplamente adotadas para alcançar e engajar esses talentos de forma eficaz. Além disso, a integração desses jovens profissionais no ambiente de trabalho é uma prioridade para as empresas que buscam reter talentos de forma eficaz. Programas de integração abrangentes estão sendo implementados, oferecendo mentoria, treinamento especializado e oportunidades de networking para garantir uma transição suave e bem-sucedida para o novo ambiente de trabalho”, conta o especialista.
Dicas para as empresas lidarem com o novo perfil de profissionais
1- Faça uma adaptação da cultura organizacional: desenvolva uma cultura que promova a diversidade, inclusão e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
2- Incentive à autonomia e inovação: ofereça autonomia aos jovens profissionais para desenvolverem suas funções e trazerem novas ideias para a empresa.
3- Dê apoio ao desenvolvimento de carreira: fortaleça o apoio ao desenvolvimento de carreira, oferecendo oportunidades de aprendizagem e crescimento contínuo.
4- Tenha uma política de feedback construtivo: cultive uma política de feedback construtivo que guie os jovens em seu desenvolvimento profissional.
5 – Tenha alinhamento de objetivos: crie um ambiente de trabalho que alinhe as ambições pessoais dos jovens com os objetivos corporativos.