Atleta medalhista paralímpica pode não participar dos jogos de Paris 2024 por erro de reclassificação

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05.08.23 - SUSANA SCHNARNDORF - Mundial de Natação de Manchester, Inglaterra, no Manchester Acquatics Centre. Foto: Alessandra Cabral/CPB

Avaliação do Comitê Paralímpico Internacional colocou Susana Schnarndorf para disputar uma prova que sua doença degenerativa não permite

24.11.2023 – SUSANA SCHNARNDORF e ESTHEFANY DE OLIVEIRA- Parapan Santiago 2023 – Competição de Natação – 100m Livres Femininos – S5 – Foto: Saulo Cruz/CPB @_saulocruz @ocpboficial

“Foi a pior coisa da minha vida quando descobri que estava doente, eu treinava todos os dias e de repente não conseguia nem escovar os dentes direito. Estou viva ainda por conta do esporte”. Susana Schnarndorf acumulou 13 anos como triatleta e 6 títulos da prova de Ironman quando começou a sentir os primeiros sintomas de sua doença em 2005. Após 3 anos de angústia, exames e internações hospitalares, foi comprovado que ela tinha Atrofia de Múltiplos Sistema (AMS), uma condição degenerativa rara que afeta o controle do movimento, equilíbrio e coordenação e atinge de 3 a 4 pessoas a cada 100 mil. O diagnóstico dos médicos era de 6 meses a até 2 anos de vida para Susana, mas a natação trouxe uma nova esperança.

Em 2010, participou de uma competição internacional de natação paralímpica, no Canadá. A classificação para disputar a modalidade mudou sua vida e a aproximou novamente da rotina de atleta. Desde então, foi medalhista de prata nas Paralimpíadas do Rio 2016, campeã mundial e recordista brasileira nos 50m, 100m, 400m livres, 100m peito e 200m medley. Aos 56 anos, o novo propósito que Susana conquistou pode ser interrompido por um erro que mudou sua classe às vésperas da competição mais importante do ano.

“Fiquei sem chão, perdida. Planejei meu ano bem diferente e de repente, virou tudo de cabeça pra baixo. Entrei em depressão novamente, me senti sozinha. Toda essa questão me fez mal, minha saúde piorou. O estresse afeta muito minha doença, tenho crises de ansiedade, crise de pânico, depressão e labirintite”, contextualiza a atleta.

Na natação paralímpica, as classes são separadas por letra e número, em que a letra significa o tipo de nado e o número representa o grau de comprometimento ou funcionalidade. Quando começou, Susana disputava competições como S8. As sucessivas reavaliações que a levaram até a classe S3 significam uma lembrança dolorosa, o avanço de uma doença degenerativa que vai reduzindo o controle do próprio corpo.

Em sua última competição internacional em fevereiro, na Escócia, pela primeira vez em 14 anos, a nadadora subiu de classe e foi considerada S5 na análise do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). A falha de avaliação não leva em consideração pontos cruciais, como a comprovação médica de que sua condição está piorando com o passar do tempo e que na classe S5, ela teria que fazer a prova de 200m medley que inclui o nado borboleta, estilo que ela não consegue mais executar devido à limitação de seu movimento em um dos braços.

Além da piora no quadro de saúde, o erro na avaliação fez Susana perder patrocínios. Com a nova classificação, Susana caiu da 2ª para a 25ª colocação no ranking mundial. Por não integrar o top 10, parou de receber os valores da bolsa pódio e do time Rio, que tem como critério a colocação na lista dos melhores da modalidade.

Para ter a chance novamente de disputar as Paralimpíadas, Susana precisa passar por reavaliação em outra competição internacional. No entanto, as vagas para reclassificação são dadas apenas a atletas que estão entre as 10 melhores do ranking. Como foi considerada S5, ela só subiria no ranking se disputasse uma prova que não consegue mais fazer. Diante dessa situação, a decisão de levar a Susana para reclassificação é do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O prazo final para inscrição em uma reclassificação é dia 30 de maio.

“Ainda tenho esperança de disputar a medalha em Paris, mas o tempo está passando e ainda não consegui fazer a reclassificação que permite disputar a prova da classe S3. O esporte é minha vida, estou viva porque sigo como atleta, então não posso parar”, salienta a nadadora.

 

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