Calor absorvido pelo oceano aumenta em até 10% a intensidade das tempestades
Mudanças climáticas estão intensificando os furacões e aumentando o risco de tempestades severas, com aumento de até 10% na categoria 4 e 5.
Cientistas meteorológicos alertam que o calor absorvido pelo oceano está diretamente ligado ao aumento da intensidade dos furacões. Nas últimas quatro décadas, os oceanos absorveram cerca de 90% do calor extra gerado pelas emissões de gases de efeito estufa. Esse acúmulo de energia térmica na superfície do mar intensifica as tempestades, gerando ventos mais fortes e aumentando o potencial destrutivo ao atingir áreas costeiras.
Além disso, a crise climática faz com que as tempestades se movam de forma mais lenta, o que multiplica os riscos de inundações catastróficas. Um deslocamento mais vagaroso permite que os furacões despejem um volume maior de chuva em uma única região por um período estendido. A atmosfera mais quente consegue reter mais vapor d’água, resultando em chuvas extremamente intensas.
Pesquisas recentes indicam que, durante a temporada recorde de furacões no Atlântico em 2020, as taxas de precipitação horária aumentaram entre 8% e 11% devido às mudanças climáticas. Em 2024, análises mostraram que a influência humana elevou a velocidade máxima dos ventos de furacões entre 14 e 45 km/h. Essa escalada de intensidade é crucial para comunidades vulneráveis, onde a diferença entre danos sérios e desastres é mínima.
A situação é alarmante, pois o mundo já ultrapassou 1,1 °C de aquecimento acima dos níveis pré-industriais. Projeções da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) sugerem que, se o aquecimento global chegar a 2 °C, a velocidade dos ventos sustentados de furacões poderá aumentar em até 10%.
Esse aumento não afeta apenas a velocidade dos ventos, mas também a frequência de tempestades que alcançam a categoria 4 ou 5 na Escala Saffir-Simpson. A NOAA prevê um crescimento de cerca de 10% na proporção de furacões que atingem essas categorias mais intensas ao longo deste século. Historicamente, menos de 20% das tempestades registradas desde 1851 alcançaram tal intensidade.
A intensificação rápida, onde a velocidade dos ventos de uma tempestade tropical aumenta em mais de 55 km/h em apenas 24 horas, está se tornando uma ocorrência mais comum. Isso complica a resposta e a preparação das áreas afetadas, como evidenciado pelo furacão Melissa em 2025.
As mudanças climáticas também estão alterando a geografia das tempestades tropicais. A tradicional “temporada” de furacões está se estendendo, com condições propícias para a formação de ciclones se estendendo por mais meses. No Atlântico, as tempestades nomeadas estão chegando à costa dos Estados Unidos mais de três semanas antes do que no início do século passado, antecipando o início da temporada para maio.
Além disso, os furacões estão atingindo regiões fora da norma histórica, deslocando o risco para latitudes médias, o que é preocupante para grandes centros urbanos como Tóquio, Pequim, Nova York e Boston, onde a infraestrutura não foi projetada para suportar tempestades de alta intensidade. O furacão Sandy, embora tenha sido de categoria 1, ilustrou esse risco ao causar prejuízos multibilionários ao atingir a costa nordeste dos Estados Unidos em 2012.
Essas tempestades, embora recebam nomes diferentes em diversas regiões do mundo, compartilham os mesmos ingredientes fundamentais para se formarem: água quente do oceano e ar úmido. O calor do mar, ao evaporar, transfere energia térmica para a atmosfera, atuando como combustível para fortalecer os ventos da tempestade.
Conclusão
A relação entre o calor absorvido pelo oceano e a intensificação dos furacões é clara. Com o aumento da temperatura global e suas implicações sobre a atmosfera, a comunidade científica reforça a necessidade de ações urgentes para mitigar as mudanças climáticas e proteger as populações vulneráveis ao redor do mundo.
Fonte: www.mixvale.com.br
Fonte: OSORIO/Shutterstock.com