Investigação aponta desvios bilionários e fraudes em assinaturas de aposentados
A CPMI do INSS ouve dirigente de associação investigada pela PF por fraude em aposentadoria.
Na manhã de 10 de novembro de 2025, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) escuta o empresário Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP). Essa associação está sob investigação pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Sem Desconto, que apura desvio de recursos destinados a aposentados.
Os documentos internos da AASAP, juntamente com os relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelaram que o grupo desviava recursos para suas próprias empresas. Além disso, foi descoberto um sistema fraudulento de biometria que permitia a falsificação de assinaturas de aposentados. Esse esquema gerou uma arrecadação que chegou a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações enfrentam diversos processos por fraudes nas filiações de segurados.
O escândalo envolvendo o INSS foi inicialmente revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens que começaram a ser publicadas em dezembro de 2023. Essas reportagens contribuíram significativamente para a investigação da PF, que culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril. O inquérito levou à demissão do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Os documentos investigados também expuseram como os dirigentes do INSS foram supostamente beneficiados, com pagamentos feitos a parentes através de suas empresas. As investigações apontam para gastos extravagantes em concessionárias de carros esportivos, joalherias de luxo e até embarcações. Além disso, o grupo é associado a uma fintech e uma construtora, com empresas de crédito consignado localizadas em Alphaville, onde residem em casas luxuosas.
O panorama da CPMI do INSS é alarmante, pois reflete um padrão de corrupção que afeta diretamente os aposentados, que deveriam ser os beneficiários dos recursos públicos. A CPMI busca não apenas responsabilizar os envolvidos, mas também reformar as práticas que permitiram que tais fraudes ocorressem.
Além do depoimento de Delecrode, outros eventos relacionados à CPMI incluem sugestões inusitadas feitas por membros, como uma proposta de tatuagem a um dos envolvidos, e denúncias de ameaças recebidas por outros membros da CPMI. Isso mostra a tensão e a seriedade das investigações em andamento, que têm repercussões diretas na vida de milhões de brasileiros.
Assim, a CPMI do INSS segue em sua missão de esclarecer os fatos e buscar justiça para os aposentados, vítimas de um sistema que deveria protegê-los, mas que foi corrompido por interesses pessoais e escusos.