Discussões sobre sanções e reconstrução da Síria
O presidente sírio Ahmed al-Sharaa busca o levantamento das sanções durante sua visita ao Trump.
O presidente sírio Ahmed al-Sharaa realizará uma visita ao presidente Donald Trump na Casa Branca nesta segunda-feira, 10 de novembro. Esta é uma ocasião histórica, pois representa a primeira visita oficial de um líder sírio ao governo americano desde a independência da Síria em 1946. Durante essa reunião, Sharaa buscará o levantamento das sanções que foram impostas ao seu país durante os 13 anos de guerra civil.
Sharaa, que liderou forças rebeldes que derrubaram o ex-presidente Bashar al-Assad no ano passado, tem se esforçado para convencer o presidente dos EUA a reverter as restrições econômicas, argumentando que elas não são mais justificadas. Seu assessor de mídia, Ahmad Zeidan, afirmou que a questão mais importante na agenda de Sharaa é a revogação da Lei de Proteção Civil da Síria de 2019, que impôs sanções severas devido a abusos de direitos humanos durante o regime de Assad.
Na primeira reunião entre Trump e Sharaa, ocorrida em maio passado em Riade, o presidente dos EUA elogiou o líder sírio, chamando-o de um “jovem atraente” e um “lutador”. Após essa reunião, Trump iniciou um processo de flexibilização das sanções, mas a Lei Caesar permanece em vigor e sua remoção exigirá um voto no Congresso.
Sharaa, que já teve um prêmio de 10 milhões de dólares sobre sua cabeça por parte do governo americano, foi um antigo líder do grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham, responsável pela operação que derrubou Assad. Com a aproximação das relações entre os dois países, Washington liderou recentemente uma votação no Conselho de Segurança da ONU para anular sanções contra ele.
Em setembro, Sharaa se tornou o primeiro presidente sírio a discursar na Assembleia Geral da ONU em décadas. Durante sua fala, ele enfatizou a necessidade de reconstruir a economia da Síria, afirmando que o país possui uma força de trabalho diversificada e disposta a trabalhar. “Não se preocupe, apenas levante as sanções e você verá os resultados”, disse ele em um evento paralelo à Assembleia.
De acordo com uma estimativa conservadora do Banco Mundial, o custo para reconstruir a Síria é de aproximadamente 216 bilhões de dólares. Em um sinal de mudança nas relações, o Departamento de Estado dos EUA removeu Sharaa de uma lista de terrorismo na sexta-feira, e ele deverá se juntar oficialmente à coalizão liderada pelos EUA contra o grupo Estado Islâmico durante sua visita.
Recentemente, a Síria conduziu operações em todo o país contra células do Estado Islâmico, resultando em 61 operações e 71 detenções, além da apreensão de explosivos e armas. O porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, comentou que o governo de Sharaa tem cumprido as exigências dos EUA, incluindo a busca por americanos desaparecidos e a eliminação de armas químicas restantes.
Pigott declarou que a remoção de medidas punitivas seria benéfica para a segurança e estabilidade regional, além de contribuir para um processo político inclusivo, liderado pelos sírios. Sharaa e sua equipe têm se apresentado como moderados prontos para iniciar uma nova era de paz e prosperidade, após anos de guerra civil, e buscar colaboração construtiva com as potências regionais.
Entretanto, o governo de Israel manifestou oposição ao levantamento total das sanções, argumentando que isso diminuiria a influência dos EUA nas negociações com Damasco. Apesar de Israel e Síria estarem formalmente em estado de guerra, Trump expressou esperanças de que os dois países possam normalizar suas relações. Essa visita representa um passo significativo nas complexas relações entre os EUA e a Síria, com potencial impacto na política do Oriente Médio.
Fonte: www.theguardian.com
Fonte: Khalil Ashawi/Reuters