Creatina: de suplemento muscular a potencial aliado cognitivo

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Entenda como a creatina ganhou destaque na saúde mental

A creatina, originalmente conhecida por seus benefícios musculares, agora é explorada por seus possíveis efeitos na saúde mental.

Creatina: De suplemento para músculos a aliado potencial do cérebro

A creatina, tradicionalmente associada ao aumento de massa muscular, agora é foco de pesquisas que exploram seus efeitos sobre a saúde mental. O nutrólogo Diogo Toledo, coordenador do departamento de Nutrologia do Einstein Hospital Israelita, explica que o cérebro também precisa de energia rápida, similar aos músculos. Essa nova perspectiva científica pode abrir portas para o uso da creatina em situações de estresse mental e fadiga.

A mudança na percepção sobre a creatina ganhou força após um estudo publicado em 2024 na revista Scientific Reports. Nele, 15 voluntários privados de sono por 21 horas apresentaram melhora modesta em desempenho cognitivo após ingerirem creatina monoidratada. Os resultados mostraram pequenos ganhos em memória e raciocínio, mas o estudo foi criticado por seu tamanho reduzido e condições extremas.

A tentadora promessa da creatina

A ideia de um suplemento que pode elevar o desempenho físico e mental é tentadora, mas faltam dados robustos que sustentem essa afirmação. Igor Eckert, nutricionista e cofundador da plataforma Reviews, ressalta que a creatina pode atingir o sistema nervoso central, mas há um abismo entre isso e ser considerada um nootrópico milagroso. Eckert também aponta que a discussão sobre os efeitos cognitivos da creatina tem sido influenciada por viés de confirmação.

O corpo humano produz creatina naturalmente a partir de aminoácidos e também a obtém através da alimentação, especialmente carnes e peixes. Entretanto, a quantidade que conseguimos consumir por meio da dieta raramente atinge níveis ideais de saturação. Para obter a mesma quantidade presente em uma dose de suplemento, seria necessário comer mais de um quilo de carne bovina diariamente.

Eficácia e segurança do uso da creatina

A creatina é amplamente reconhecida por seus efeitos físicos, com estudos mostrando que melhora a força e a potência muscular. No entanto, os efeitos cognitivos são menos claros, com resultados variados ao longo de mais de 25 estudos. Em 2023, um estudo observou pequenas melhorias em tarefas de memória entre adultos saudáveis sob estresse agudo, mas sem impacto significativo em marcadores de estresse.

Eckert observa que, embora haja indícios de que a creatina possa ajudar em situações específicas, como fadiga mental ou em idosos, não se deve esperar que ela transforme o desempenho mental de qualquer pessoa. A pesquisa sobre o uso da creatina em doenças neurológicas, como Parkinson e esclerose múltipla, não demonstrou benefícios clínicos relevantes, como evidenciado em estudos rigorosos.

A necessidade de mais pesquisas

A creatina é um dos suplementos mais estudados em termos de segurança, mas ainda existem incertezas sobre os efeitos a longo prazo e a variabilidade nas respostas individuais. Eckert alerta para a possibilidade de pessoas com dificuldades cognitivas se fixarem na creatina em vez de buscar soluções mais adequadas para seus problemas.

Por fim, a creatina permanece na linha tênue entre um suplemento comprovadamente eficaz para atividades físicas e uma potencial ajuda para a cognição. Novos estudos são necessários para esclarecer quem realmente se beneficia e quais doses são ideais, além de integrar a creatina a uma abordagem de cuidados mais abrangente.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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