Análise do impacto da guerra no comércio bilateral
Os investimentos espanhóis sofreram uma queda acentuada desde a invasão da Ucrânia, refletindo uma clara decisão de se distanciar da Rússia.
Desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, os investimentos espanhóis na Rússia enfrentaram uma queda acentuada, refletindo uma decisão clara de desengajar-se de uma nação sob sanções. Os números mostram que as exportações espanholas para a Rússia caíram de €2,2 bilhões em 2021 para apenas €783 milhões em 2024, o que representa uma diminuição superior a 64%.
O número de empresas espanholas exportando para o país também diminuiu drasticamente: de aproximadamente 670 em 2021, caiu para 399 em 2022 e apenas 158 em 2023, segundo dados da Câmara de Comércio Espanhola. Essa situação tem sido amplamente atribuída às severas sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos, que limitaram o acesso a matérias-primas e afetaram as taxas de demanda e inflação.
Os efeitos da invasão da Ucrânia e das sanções subsequentes tornaram-se evidentes não apenas nas exportações, mas também nas importações. As relações comerciais entre os dois países são majoritariamente centradas no gás natural liquefeito (GNL), mas as importações de alumínio e fertilizantes também são significativas. Apesar da diminuição das importações de gás russo, que caíram para 13,3% das importações totais de gás da Espanha em 2025, o país ainda depende consideravelmente de fertilizantes russos, que se tornaram uma preocupação na Europa em relação à segurança alimentar.
Um relatório do Banco Central Espanhol de 2024 indicou que, mesmo com as sanções, a participação da Rússia nas importações espanholas de GNL extra-UE aumentou de 18% para 36% entre 2022 e o segundo trimestre de 2024. Entretanto, a tendência de diminuição das relações comerciais com a Rússia é clara. Nos primeiros sete meses de 2025, as importações totalizaram €1,2 bilhão, uma queda em relação aos €1,45 bilhão do mesmo período em 2024. Além disso, as exportações também mostraram uma tendência de queda, passando de €468 milhões no mesmo período em 2024 para €425 milhões em 2025.
As estatísticas de agosto de 2025 confirmam essa desaceleração, com uma redução de 14,3% nas exportações espanholas para a Rússia e uma impressionante diminuição de 57,7% nas importações, em comparação com o ano anterior. Os principais produtos exportados para a Rússia incluíram perfumes, vegetais processados e vacinas, enquanto as importações espanholas de petróleo gasoso e alumínio bruto também mostraram quedas drásticas.
O Observatório de Complexidade Econômica (OEC) revela que o comércio entre Espanha e Rússia se mantém em níveis mínimos desde o início do conflito, embora setores como farmacêuticos e agroalimentares ainda consigam sustentar parte do comércio, embora em níveis bem abaixo dos volumes de antes de 2022. A situação atual sugere uma transformação nas relações comerciais, com a Espanha buscando diversificar suas fontes de importação e minimizar a dependência da Rússia em várias categorias.
Além disso, a pressão internacional sobre a Rússia para que se sente à mesa de negociações e busque um acordo de paz na Ucrânia continua a aumentar, com novas sanções sendo impostas a grandes empresas russas de petróleo e gás, como a Rosneft e a Lukoil. A pergunta que permanece é: até quando a economia russa poderá sustentar o esforço de guerra, considerando a crescente pressão econômica e política do Ocidente?
Os dados recentes destacam a fragilidade das relações comerciais entre a Espanha e a Rússia, ressaltando a necessidade de uma abordagem mais estratégica e diversificada por parte das empresas espanholas em um cenário global em constante mudança.