Investigação revela fraudes envolvendo associação e movimentação de R$ 700 milhões
A CPMI do INSS apreendeu o celular de empresário durante depoimento em investigação de fraudes.
A apreensão do celular durante a CPMI do INSS
Na tarde de 10 de novembro de 2025, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realizou uma sessão de depoimento que culminou na apreensão do celular do empresário Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP). Essa associação é alvo de investigações por supostos descontos ilegais em benefícios e aposentadorias, que estão relacionados a um montante de aproximadamente R$ 700 milhões.
Igor Dias Delecrode compareceu ao depoimento protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que gerou protestos do presidente da CPMI, o senador Carlos Viana, que expressou sua insatisfação com a decisão da Corte. Durante a sessão, Delecrode optou por permanecer em silêncio, não respondendo às indagações dos parlamentares.
A solicitação de apreensão e o papel da CPMI
Por volta das 19h30, o relator da CPMI, Alfredo Gaspar, apresentou um requerimento para a apreensão de aparelhos celulares e acesso às conversas em aplicativos de mensagens instantâneas. O pedido foi rapidamente aprovado pelo presidente da CPMI, Carlos Viana, que então confiscou o celular que Delecrode portava e o encaminhou à Polícia Legislativa para a realização de perícia. Essa ação reafirma a seriedade e a rigorosidade das investigações em curso.
O escândalo do INSS e suas repercussões
O escândalo envolvendo fraudes no INSS foi inicialmente revelado por reportagens do Metrópoles em dezembro de 2023. Desde então, as investigações têm se aprofundado, mostrando um aumento alarmante na arrecadação das associações que promovem descontos de mensalidade de aposentados, que chegou a R$ 2 bilhões em um ano. As associações estão sendo alvo de milhares de processos por fraude nas filiações de segurados e, como resultado, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar as irregularidades.
As reportagens do Metrópoles também foram essenciais para alimentar as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). A Polícia Federal listou 38 matérias do portal como parte da representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril, que resultou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Fraude e desvio de recursos
Documentos internos da AASAP e relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelaram que o grupo envolvido no esquema desviava recursos arrecadados pela associação para suas próprias empresas. Além disso, foi descoberto que eles criaram um sistema biométrico para fraudar assinaturas de aposentados. As investigações estão revelando um quadro alarmante, que inclui pagamentos a familiares de dirigentes do INSS por meio de várias empresas, além de gastos extravagantes em concessionárias de luxo e joalherias.
Conclusão
A CPMI do INSS continua a investigar as fraudes que envolvem bilhões de reais e a suspensão de benefícios a aposentados. Este episódio é um exemplo claro de como o sistema pode ser explorado e destaca a importância da supervisão e regulamentação para proteger os direitos dos segurados. As repercussões desse escândalo ainda estão se desdobrando, e a sociedade aguarda ansiosamente por mais esclarecimentos das autoridades competentes.