Alterações no texto podem comprometer investigações contra crime organizado
A Polícia Federal expressa preocupação com alterações no projeto antifacção feitas por Derrite.
Preocupação da Polícia Federal com o projeto antifacção
A Polícia Federal (PF) divulgou, nesta segunda-feira (10/11), uma nota expressando preocupação com as alterações feitas pelo relator Guilherme Derrite (PP-SP) no Projeto Antifacção, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados. O texto apresentado por Derrite ainda é considerado preliminar, e a versão final do parecer está prevista para ser apresentada nesta terça-feira (11/11).
Alterações que comprometem investigações
Segundo a corporação, a proposta original enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha como objetivo endurecer o enfrentamento ao crime organizado. No entanto, as modificações feitas pelo relator alterariam pontos considerados estratégicos e, na visão da PF, “compromete o interesse público” ao abrir espaço para um enfraquecimento da atuação federal em grandes investigações.
Um dos dispositivos mais criticados determina que a PF só poderá investigar facções criminosas, milícias e grupos paramilitares classificados como terroristas mediante solicitação dos governadores. Para a corporação, essa condicionalidade coloca em risco a efetividade de operações de grande envergadura.
Impacto nas operações da PF
A PF afirma ainda que a medida pode reduzir o alcance e os resultados de investigações de longa duração, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvio de recursos públicos e tráfico de pessoas. Como exemplo, a corporação citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) em redes de postos de combustíveis e outros empreendimentos comerciais. Segundo a PF, ações dessa magnitude poderiam não ocorrer sob o novo modelo.
Articulação política para preservar atribuições
Após a repercussão, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou ter conduzido uma articulação entre o relator Derrite e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Segundo ele, o objetivo é garantir que a corporação mantenha suas atribuições históricas na investigação de crimes organizados.
“Intermediei um diálogo entre o deputado @DerriteSP e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, com a finalidade de garantir que a PF manterá suas atribuições nas investigações contra o Crime Organizado.” — Hugo Motta (@HugoMottaPB) 10 de novembro de 2025
Conclusão e próximos passos
O desdobramento das discussões sobre o projeto antifacção e suas implicações para a atuação da Polícia Federal será acompanhado de perto. A expectativa é que a versão final do parecer traga definições importantes sobre o futuro das investigações no país. A pressão da corporação e a articulação política em torno do tema são fatores que podem influenciar o resultado dessa tramitação.