Votação será um teste crucial para o governo de Mohammed Shia al-Sudani e o futuro político do país
Eleições no Iraque ocorrem em meio a descontentamento popular e desafios políticos.
O cenário das eleições parlamentares do Iraque
A população do Iraque vai eleger um novo parlamento nesta terça-feira (11). Esta votação representa um teste crucial para o primeiro-ministro, Mohammed Shia al-Sudani, e para um sistema que, segundo muitos jovens iraquianos, beneficia apenas aqueles que já estão no poder. Desiludidos com a experiência democrática que teve início há 20 anos, após a queda do ditador Saddam Hussein, muitos eleitores temem que a situação atual traga mais corrupção, desemprego e serviços públicos precários.
Tensão entre as facções políticas
Os iraquianos têm criticado os partidos políticos e os grupos armados que, segundo eles, monopolizam a riqueza petrolífera do país e favorecem seus aliados na distribuição de empregos. Desde as primeiras eleições, marcadas por violência sectária, o cenário político tem sido moldado por tensões entre diferentes grupos religiosos. A deposição de Saddam Hussein permitiu o domínio da maioria xiita, que havia sido reprimida durante seu governo, mas a intolerância ao novo governo tem diminuído, especialmente entre os jovens.
A nova geração e as suas ambições
Cerca de 40% dos candidatos registrados têm menos de 40 anos, refletindo uma nova geração que busca desafiar as estruturas de poder estabelecidas. O primeiro-ministro, Mohammed Shia al-Sudani, que assumiu o cargo em 2022, busca um segundo mandato e lidera a Coalizão para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Sua campanha foca na melhoria dos serviços públicos e no combate à corrupção, enquanto tenta manter relações cordiais com o Irã e os Estados Unidos.
A luta pelo poder e a influência externa
A Coalizão Estado de Direito, liderada pelo ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki, continua influente e compete com o grupo de al-Sudani pela hegemonia dentro do domínio xiita. Além disso, partidos com vínculos ao Irã e suas milícias estão concorrendo separadamente, enquanto o Partido Taqaddum, de Mohammed al-Halbousi, representa a principal força sunita, buscando reconstruir as instituições estatais e recuperar a influência da comunidade sunita.
O impacto das eleições sobre o futuro do Iraque
O movimento do clérigo xiita Moqtada al-Sadr está boicotando a votação, alegando corrupção, o que pode permitir a ascensão de novos candidatos. A participação eleitoral será um indicador crucial da confiança da população em seu sistema político. Uma baixa participação pode sinalizar a continuidade da desilusão, enquanto uma votação expressiva pode limitar a influência de candidatos reformistas.
Expectativas e desafios para o novo governo
Não se espera que a eleição altere drasticamente o cenário político do Iraque, uma vez que as negociações para a escolha do primeiro-ministro costumam ser longas e complexas. O novo governo enfrentará pressão para apresentar melhorias concretas na vida cotidiana da população e evitar que o descontentamento se transforme em revolta. O próximo primeiro-ministro precisará equilibrar a influência dos EUA e do Irã, além de administrar diversas milícias alinhadas a Teerã.
O contexto regional e os desafios não resolvidos
O Iraque, até o momento, tem conseguido evitar os piores impactos da turbulência regional, mas pode enfrentar a ira dos EUA e de Israel se não conseguir conter grupos radicais alinhados ao Irã. Resultados preliminares das eleições são esperados poucos dias após a votação, mas a formação de um novo governo pode levar meses, com a certificação dos resultados sendo um passo essencial para a establishment do novo parlamento, que é composto por 329 membros. O novo governo terá 30 dias para obter a aprovação de um gabinete, uma tarefa complexa e incerta no contexto iraquiano.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Pool via REUTERS