Enquanto países desenvolvidos demandam metas climáticas mais rigorosas, nações em desenvolvimento pedem apoio financeiro para a transição energética.
Na COP30, países ricos exigem metas climáticas ambiciosas, enquanto emergentes pedem financiamento para a transição energética.
Divergências na COP30: Países ricos e emergentes em confronto
As discussões entre as 194 delegações que participam da COP30, em Belém, entram oficialmente no 4º dia nesta quinta-feira (13) e as divergências têm se acentuado ao longo da primeira semana. A COP30, que é um marco importante para a discussão sobre mudanças climáticas, tem visto uma clara divisão entre os interesses dos países desenvolvidos e das nações emergentes.
Os países desenvolvidos cobram metas climáticas mais ambiciosas e frequentes, enquanto as nações emergentes exigem que o grupo mais rico financie a transição energética. Esta tensão é um reflexo das diferentes realidades econômicas e ambientais enfrentadas por essas nações.
Pressão europeia e resistência dos emergentes
Os europeus lideram as demandas dos países mais ricos, pressionando não apenas por metas mais rigorosas, mas também por maior transparência sobre como as nações emergentes implementam suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). O bloco europeu também critica aqueles que não entregaram suas metas, como é o caso da Índia, que até o momento não apresentou compromissos adequados.
Por outro lado, os países em desenvolvimento argumentam que, conforme o artigo 9.1 do Acordo de Paris, é obrigação dos países ricos financiar a transição energética dos países em desenvolvimento com recursos públicos. Este ponto é crucial, pois muitas dessas nações enfrentam dificuldades financeiras para implementar as mudanças necessárias.
O papel do protecionismo verde
Outro tema que gera impasse entre os países é o chamado “protecionismo verde”, que envolve medidas comerciais unilaterais disfarçadas de proteção ambiental. Os países em desenvolvimento pedem a eliminação dessas medidas, que consideram prejudiciais e injustas. Apesar da pressão vinda dessas delegações, os europeus têm resistido a ambos os pontos, complicando ainda mais as negociações.
Rachel Kyte, delegada do Reino Unido na COP30, enfatizou a necessidade de ambição nas NDCs. Ela afirmou que, embora países como Brasil e Reino Unido tenham planos alinhados à meta de neutralidade até o fim do século, muitos outros não estão no caminho certo.
Demandas por mudanças no sistema financeiro global
Kyte também defendeu mudanças estruturais no sistema financeiro internacional, um ponto que ecoa o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A delegada mencionou que, embora seja possível alcançar um montante significativo de investimento, isso requer uma revisão das regras financeiras atuais. Muitos países pequenos e em desenvolvimento enfrentam grandes dívidas, devendo mais ao mundo desenvolvido do que recebem em investimentos.
Discussões adicionais e plenária extra
A discussão sobre o “protecionismo verde” será abordada neste fim de semana, no sábado (15), junto com outros pontos que não foram incluídos na agenda principal da conferência. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, convocou uma plenária extra para atualizar as delegações sobre o andamento das negociações referentes a quatro temas críticos.
Os quatro pontos destacados são: medidas unilaterais de comércio com justificativa ambiental, o relatório de síntese das NDCs, os relatórios bienais de transparência (BTRs) e os debates sobre financiamento climático. Essas pautas foram separadas da agenda principal para permitir que sejam tratadas em consultas técnicas e políticas com as partes interessadas.
A iniciativa visa reduzir o risco de impasses formais durante o trâmite da agenda principal, buscando um avanço nas negociações que são cruciais para o futuro do planeta.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Vista feita de drone, desde a Ilha do Combu, com a cidade de Belém ao fundo, onde ocorre a COP30 • Alex Ferro/COP30