Estudo revela coincidências entre o caso de feminicídio e a crise política nos anos 90
A série 'Ângela Diniz: Assassinada e Condenada' traz à tona coincidências com o impeachment de Collor.
O assassinato de Ângela Diniz, uma trágica história de feminicídio ocorrida na década de 1970, voltou a ser tema de discussão com o lançamento da série “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” na HBO Max. Este caso, que marcou a luta pelos direitos das mulheres no Brasil, revela uma curiosa coincidência com o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, um evento que também alterou o rumo da política nacional.
O papel de Evaristo de Moraes Filho
Um dos aspectos mais intrigantes dessa conexão é o papel do advogado Evaristo de Moraes Filho. Ele não apenas defendeu Collor durante seu impeachment, mas também atuou como assistente de acusação no julgamento do assassinato de Ângela Diniz. Essa dupla função levanta questões sobre a ética profissional e a interseção entre a justiça penal e a política no Brasil.
De acordo com informações publicadas, Evaristo recebeu um pagamento considerado modesto para a magnitude de sua defesa. Ele próprio afirmou que tratou Collor como qualquer outro cliente, evitando cobranças excessivas que pudessem levantar suspeitas sobre sua motivação. Essa postura foi corroborada por George Tavares, outro advogado que comentou sobre a situação.
Feminicídio e a resposta da sociedade
O assassinato de Ângela Diniz não foi apenas um caso criminal, mas um marco que expôs o machismo estrutural presente na sociedade brasileira. No primeiro julgamento, o assassino, Doca, foi condenado a apenas dois anos de prisão, um valor irrisório diante da gravidade do crime. A defesa alegou “legítima defesa da honra”, uma tese que culpabilizava a vítima pela sua própria morte.
Após intensa mobilização social e pressão dos movimentos feministas, Doca passou por um novo julgamento, onde a Justiça reconheceu a premeditação do ato e impôs uma pena de 15 anos de prisão. No entanto, ele cumpriu apenas três anos em regime fechado, evidenciando as falhas do sistema judicial.
A evolução da legislação
A tese da “legítima defesa da honra” permaneceu como uma justificativa legal por décadas, sendo considerada inconstitucional apenas em março de 2021, 45 anos após o assassinato de Ângela. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que essa justificativa viola princípios constitucionais fundamentais, como a dignidade da pessoa humana e a igualdade de gênero.
Reflexões sobre a justiça e a política
As coincidências entre o caso de Ângela Diniz e o impeachment de Collor não apenas revelam uma intersecção entre justiça e política, mas também ressaltam a necessidade de uma reflexão profunda sobre a condição da mulher e os direitos humanos no Brasil. A série da HBO Max contribui significativamente para essa discussão, lembrando-nos que, enquanto a sociedade evolui, ainda há muito a fazer para garantir a igualdade e a justiça para todos.
Assim, o assassinato de Ângela Diniz permanece uma poderosa lembrança das lutas enfrentadas pelas mulheres, enquanto o impeachment de Collor simboliza uma época de transformação política no Brasil. Ambos os eventos, embora distintos, são reflexos de um contexto social que ainda precisa ser abordado com seriedade e compromisso.
Fonte: www.purepeople.com.br