Expectativas de redução da Selic aumentam após divulgação de dados do IPCA
Dados recentes sobre a inflação indicam uma possível pressão para cortes na taxa de juros pelo BC.
Inflação em queda e suas implicações para a política monetária
A inflação em queda, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrado em 4,68% nos últimos 12 meses, pode levar o Banco Central (BC) a reconsiderar sua estratégia de juros. O dado, que representa uma redução em relação ao 5,17% do mês anterior, foi divulgado em 11 de novembro de 2025, e sugere uma mudança nas expectativas do mercado.
A redução na inflação é atribuída à alteração na bandeira tarifária da conta de luz, que passou de vermelha patamar 2 para vermelha patamar 1 em outubro. Essa mudança impactou diretamente os preços, contribuindo para a desaceleração da inflação. A divulgação do IPCA coincide com a Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa Selic em 15% ao ano na última reunião realizada em 5 de novembro.
Expectativas sobre a taxa de juros
Na ata, o BC indicou que não planeja cortes de juros no curto prazo, afirmando que a taxa atual é suficiente para direcionar a inflação em direção à meta de 3% ao ano, com uma tolerância de 1,5%. Contudo, a surpresa com os resultados do IPCA gerou debates sobre a possibilidade de um corte na Selic. Enquanto alguns especialistas apontam que um ajuste pode ocorrer na próxima reunião, outros acreditam que isso só deve acontecer em 2026.
O comportamento da inflação tem sido observado de forma atenta pelo Copom, que busca ancorar as expectativas do mercado financeiro. O resultado de outubro, que ficou apenas 0,18 ponto percentual acima da banda superior da meta, gera a expectativa de que a inflação convergirá para a meta até o final do ano.
Pressões políticas e a posição do BC
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, ressaltou a importância de manter a taxa de juros em um patamar restritivo por um período prolongado, para garantir a eficácia da política monetária. Ele enfatizou que o BC deve agir com base nos dados, independentemente das pressões externas, incluindo críticas do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já manifestou publicamente seu desejo de que a taxa de juros seja reduzida, o que aumenta a pressão sobre o Copom.
O que esperar para os próximos meses
A situação poderá ser influenciada por dois eventos significativos em dezembro: a divulgação do IPCA do mês de novembro, que ocorrerá no dia da reunião do Copom, e a troca de diretores do BC, que deve ser feita pelo presidente Lula. A expectativa é que a composição do colegiado se torne mais alinhada ao governo, o que pode facilitar um ciclo de cortes na taxa de juros.
Os especialistas estão otimistas de que a divulgação do IPCA trará números ainda mais favoráveis, reforçando a possibilidade de que o Copom indique um corte na Selic em um futuro próximo. O cenário econômico permanece de incerteza, mas a pressão pela flexibilização da política monetária aumenta à medida que a inflação se aproxima das metas estabelecidas. Assim, o Banco Central se vê em uma posição delicada, precisando equilibrar as expectativas do mercado e as realidades econômicas do país.