Impacto das explosões nos gasodutos Nord Stream ainda reverbera na Europa

REUTERS/Hannibal Hanschke

Anos após os ataques, tensões entre países permanecem em meio a investigações complexas

As explosões nos gasodutos Nord Stream geraram divisões na Europa, com investigações em andamento e tensões políticas elevadas.

Explosões nos gasodutos Nord Stream: um marco de divisão na Europa

Era uma noite de setembro, quando sopros abafados e um fluxo de bolhas perturbaram a superfície do Mar Báltico. Explosões rasgaram os dois gasodutos Nord Stream, a estrada de gás da Rússia para a Europa, meses após a invasão total da Ucrânia por parte de Moscou. Anos mais tarde, as ondas de choque daquela noite ainda estão ondulando pelo continente.

O ataque de 2022 aos oleodutos extremamente controversos desencadeou um golpe internacional, com a suspeita caindo imediatamente sobre a Rússia, enquanto os EUA foram forçados a negar qualquer envolvimento. Hoje, a intriga continua girando em torno das explosões, mesmo com a Alemanha preparando um processo contra os suspeitos sabotadores ucranianos.

As investigações: Alemanha e Polônia em desacordo

A Alemanha parece determinada a que o caso Nord Stream seja julgado, com mandados de prisão para dois homens ucranianos – Volodymyr Zhuravlov, detido na Polônia, e Serhii Kuznietsov, detido na Itália – suspeitos de envolvimento na explosão. No entanto, a decisão de um tribunal polonês em libertar Zhuravlov minou severamente as esperanças de Berlim de um processo. Para o juiz, se as explosões do Nord Stream fossem um ato de sabotagem ucraniano, isso poderia ser visto como uma resposta justificada a uma invasão não provocada.

A posição da Polônia reflete preocupações de longa data sobre os oleodutos dentro e fora da Europa. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, expressou que processar ou extraditar cidadãos ucranianos não seria no interesse da Polônia. Essa posição expõe as divisões na Europa, com países como a Hungria criticando a postura polonesa.

As repercussões políticas e a dependência da Europa do gás russo

Para muitos no norte da Europa, a atenção sobre quem explodiu o Nord Stream é uma distração de como ele foi construído em primeiro lugar. O ex-ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, alertou que o foco no caso jurídico pode ofuscar as advertências que muitos países pós-soviéticos fizeram sobre a dependência europeia de hidrocarbonetos russos.

A dependência da Europa em relação aos hidrocarbonetos russos tem sido criticada desde o governo de George W. Bush, e essa crítica continua até hoje. O chanceler alemão Gerhard Schroeder, após deixar o cargo, tornou-se presidente da gigante petrolífera russa Rosneft, o que levantou questões sobre os laços entre a Alemanha e a Rússia. A ex-chanceler Angela Merkel também enfrentou críticas por sua abordagem conciliatória em relação a Moscou.

O futuro do Nord Stream e as tensões Europeias

O nevoeiro em torno do caso Nord Stream apenas alimenta as tensões na Europa em um momento em que a unidade contra a Rússia é crucial. A perda do Nord Stream acelerou os esforços da Europa para se livrar da dependência do gás russo. Desde a invasão da Ucrânia, a participação da Rússia nas importações de gás da UE caiu drasticamente, de mais de 40% em 2021 para cerca de 11% em 2024.

Enquanto a Alemanha busca justiça sobre o caso, muitos alertam que as divisões internas podem prejudicar a unidade europeia. O caso Nord Stream pode criar ainda mais fraturas na aliança, especialmente em tempos de incerteza geopolítica. O futuro dos gasodutos e a segurança energética da Europa permanecem em um estado de incerteza, enquanto a região lida com as consequências das explosões e suas implicações políticas.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

Fonte: REUTERS/Hannibal Hanschke

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