Leilão foi suspenso após críticas de autoridades e entidades de vítimas do Holocausto
Protestos na Alemanha resultaram no cancelamento de leilão de itens do Holocausto, após críticas de autoridades.
Protestos levam ao cancelamento de leilão de itens do Holocausto
O leilão de itens do Holocausto que estava previsto para acontecer na Alemanha foi cancelado no último domingo, 16 de novembro, após uma onda de protestos liderados por autoridades e representantes de vítimas desse trágico período da história. O evento estava marcado para o dia 17 de novembro em Neuss, uma cidade próxima a Düsseldorf, e seria realizado pela casa de leilões Felzmann.
O vice-presidente executivo do Comitê Internacional de Auschwitz, Christoph Heubner, foi um dos críticos mais vocais, descrevendo a ação como “cínica e vergonhosa”. Heubner enfatizou que a história das vítimas do Holocausto não deve ser explorada para fins comerciais, afirmando que os documentos relacionados à perseguição deveriam ser preservados em museus ou exposições de memória, e não tratados como mercadorias.
O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, também se manifestou contra o leilão, afirmando que itens pertencentes a vítimas do Holocausto não devem ter sua venda discutida. Ele mencionou que já havia tratado do assunto com seu homólogo alemão, Johann Wadephul, e ambos concordaram que tal “ultraje deve ser evitado”.
Cancelamento do leilão e repercussões
Após as intensas críticas, a casa de leilões Felzmann decidiu cancelar o evento, uma decisão comemorada pelo embaixador alemão na Polônia, Miguel Berger. Ele expressou sua satisfação nas redes sociais, afirmando que “isso jamais deveria ter acontecido” e que é inaceitável negociar os pertences pessoais das vítimas do nazismo.
A embaixada polonesa na Alemanha também agradeceu a todos que contribuíram para o cancelamento do leilão. O embaixador polonês na Alemanha, Jan Tombinski, havia contatado as autoridades da Renânia do Norte-Vestfália, onde o leilão ocorreria, para discutir a situação.
Itens controversos listados para leilão
O leilão da Felzmann incluía uma variedade de documentos e itens controversos, como registros nazistas sobre a esterilização forçada no campo de concentração de Dachau, passaportes de judeus que conseguiram fugir da perseguição, e até mesmo Estrelas de Davi usadas no campo de concentração de Buchenwald. Um dos itens mais pessoais listados era um conjunto de cadernos de anotações de um judeu polonês anônimo que sobreviveu à guerra.
Além disso, o catálogo do leilão continha documentos que foram considerados vitais para a sobrevivência de algumas pessoas, como um formulário de liberação para um prisioneiro que conseguiu sair do campo de concentração de Mauthausen. A presença de itens de propaganda nazista, incluindo um livreto e um pôster, também gerou controvérsia.
Reflexão sobre a memória do Holocausto
Este episódio levanta questões importantes sobre a forma como a memória do Holocausto é tratada na sociedade contemporânea. As vozes de aqueles que lutam contra a comercialização da dor e do sofrimento humano são fundamentais para garantir que a história das vítimas não seja esquecida ou distorcida. O cancelamento deste leilão é visto como uma vitória para aqueles que buscam preservar a dignidade das vítimas e promover a memória do Holocausto de maneira respeitosa e educativa.
Este caso destaca a necessidade de um diálogo contínuo sobre a ética na comercialização de itens históricos e a importância de respeitar as memórias das pessoas que sofreram as consequências dessas atrocidades. Os protestos e a consequente ação da casa de leilões servem como um lembrete de que a sociedade deve permanecer vigilante contra qualquer forma de exploração da história.
Fonte: www.metropoles.com
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