Entenda como as previsões de desempenho das equipes podem não refletir a realidade nas pistas
As simulações de downforce da Pirelli para 2026 não revelam a ordem competitiva esperada na F1.
Pirelli e as simulações de downforce para a F1 de 2026
Com três finais de semana de corrida restantes sob as regras atuais, o foco das equipes de Fórmula 1 já se volta para 2026. Esse período de transição traz incertezas, especialmente em relação ao desempenho dos novos power units e à dinâmica dos chassis. Embora os diretores técnicos tenham inicialmente classificado as novas regras como bastante restritivas, Adrian Newey, da Red Bull Racing, sugere que uma análise mais detalhada pode alterar essa percepção.
As previsões de desempenho submetidas pelas equipes estão apresentando variações significativas, especialmente em relação às dimensões dos discos de freio traseiros e, mais crucialmente, nos níveis de downforce esperados. Mario Isola, diretor da Pirelli, explica que a fornecedora de pneus coleta essas previsões para entender as cargas que serão impostas aos novos pneus e, assim, desenvolver adequadamente tanto a construção quanto os compostos.
A importância das previsões de downforce
“Essa é a nossa solicitação, sim. Todas as equipes devem nos fornecer uma previsão de suas cargas esperadas para o final da próxima temporada”, afirma Isola. O que chama atenção é a ampla disparidade nas previsões para 2026. No entanto, Isola alerta que isso não necessariamente indica que haverá uma grande disparidade entre as equipes em termos de desempenho.
Ele observa que as simulações iniciais não podem ser usadas como um indicativo confiável da ordem competitiva. “Não acredito que essas simulações nos digam qual será a ordem competitiva do próximo ano. Os números estão longe disso, para ser honesto. Elas são apenas simulações que mostram as expectativas das equipes, não o desempenho real que veremos na pista”, esclarece.
Desmistificando as simulações
Isola também critica algumas interpretações exageradas das simulações. “Li artigos afirmando que, com base nisso, já sabemos quem será o mais rápido. Não, a realidade é completamente diferente. Mesmo que você tenha uma carga maior na frente ou atrás, isso não significa que você será mais rápido. Isso depende também dos níveis de arrasto e de muitos outros fatores, portanto, não é correto afirmar que essas simulações definem a ordem competitiva”, comenta com um tom de humor.
Essa incerteza traz desafios adicionais para a Pirelli, principalmente quando as simulações das equipes apresentam variações tão grandes. A questão se torna: em quais números confiar ao desenvolver os pneus? Isola explica que no início do desenvolvimento, a integridade do pneu não era uma grande preocupação, pois o foco estava nas simulações mais altas.
O desafio do desenvolvimento de pneus
“A parte difícil é quando estamos no processo de definição dos compostos, pois isso também depende da energia e da carga”, esclarece. A segurança é a prioridade. “É complicado para as equipes fornecer simulações confiáveis, mas precisamos desses números. Não podemos começar com um pneu que esteja adequado para cargas no início da temporada, mas não para o final. Nesse caso, teríamos que aumentar a pressão do pneu de forma significativa, para suportar a estrutura”, detalha Isola.
Expectativas e previsões
Pirelli espera que nas próximas simulações, os números das equipes estejam mais próximos uns dos outros. Isola menciona que experiências passadas, como a introdução do pneu de 18 polegadas, mostram que isso é possível. Embora os pneus já tenham sido homologados para 2026, as informações obtidas nas simulações podem influenciar a seleção dos compostos para todas as corridas.
A Pirelli está visando cobrir uma gama mais ampla com os compostos de 2026, permitindo maior liberdade na escolha dos pneus para cada Grande Prêmio. “Começamos o desenvolvimento com o C3 como nossa base, que está no meio da faixa. Tentamos aumentar as diferenças entre os outros compostos para acomodar todos os cenários possíveis. Se, por algum motivo, os carros não forem tão rápidos no início da temporada quanto predito, poderemos optar por compostos mais macios em corridas específicas”, conclui Isola.