Desigualdade racial em cargos públicos: negros são maioria, mas não lideram

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Levantamento revela que, apesar de 52% dos servidores serem negros, apenas 38% ocupam cargos de liderança.

Estudo revela a presença desigual de negros em cargos públicos no Brasil, destacando a liderança em contraste com a maioria na base.

Desigualdade racial no serviço público brasileiro

No Brasil, a representação racial no serviço público apresenta um cenário alarmante, onde, apesar de 52% dos servidores serem negros, apenas 38% ocupam cargos de liderança. Essa discrepância foi revelada por um levantamento da República.org, que analisa a composição racial dos servidores públicos no primeiro semestre de 2025. A pesquisa também aponta que apenas 15% dos líderes são mulheres negras, em comparação a 22% de mulheres brancas. Esses dados ressaltam uma estrutura de desigualdade racial e de gênero que persiste nas esferas governamentais.

A presença de negros nas diferentes esferas do serviço público

A análise mostra que a maioria dos profissionais negros está concentrada nos níveis municipal e estadual. Nos municípios, 56,9% dos servidores se declaram negros, enquanto nas esferas estaduais a porcentagem é de 49,6%. No entanto, ao se olhar para o governo federal, o cenário se inverte, com 42,6% de servidores negros e 55,2% brancos. Essa inversão destaca a exclusão dos negros das posições de liderança em níveis federais, onde eles são minoria.

Desigualdade salarial entre grupos raciais

Os dados também revelam uma disparidade significativa nos salários. Entre os servidores que recebem de 1 a 2 salários mínimos, 36% são mulheres negras, enquanto apenas 27,5% são mulheres brancas. Ao se observar as faixas salariais mais altas, a situação se agrava: homens brancos representam 42,5% dos que ganham acima de 10 salários mínimos, enquanto as mulheres negras somam menos de 10%. Essa diferença se amplia ainda mais nas faixas salariais superiores a 20 salários mínimos, onde as mulheres negras correspondem a apenas 3,5%.

Necessidade de políticas públicas inclusivas

A República.org destaca que a baixa presença de negros e mulheres em cargos de liderança é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a falta de acesso à educação de qualidade e a ausência de redes de apoio. O levantamento sugere que, além da implementação de cotas, é fundamental que o governo desenvolva estratégias de longo prazo, como a promoção da presença feminina e racialmente diversa nas áreas técnicas desde a educação básica e a revisão dos critérios de avaliação dos concursos públicos.

Conclusão

Os dados apresentados no Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público de 2025 confirmam a persistência de desigualdades estruturais no acesso aos melhores cargos e salários do setor público. Embora a presença de negros no serviço público tenha aumentado, sua exclusão das posições de liderança e a disparidade salarial revelam um cenário que requer ação imediata e efetiva para promover a equidade racial e de gênero nas esferas governamentais.

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