Investigação da PF revelou um esquema que envolvia 37 pessoas e a tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Relembre o indiciamento de Jair Bolsonaro e 36 pessoas por um plano de golpe de Estado, completando um ano da investigação da PF.
Um ano após indiciamento de Bolsonaro: relembre o plano de golpe
Há exatos 365 dias, a Polícia Federal (PF) concluía uma investigação que revelou um plano de golpe de Estado no Brasil, indiciando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como líder de uma organização criminosa. O relatório final, enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), citou 36 outros envolvidos, incluindo ex-ministros de seu governo e colaboradores próximos.
Investigação e indiciamento
No dia 21 de novembro de 2024, a PF apresentou um indiciamento abrangente, que incluía nomes como Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Augusto Heleno (ex-ministro do GSI). O caso se desdobrou em torno de atos golpistas planejados durante e após as eleições presidenciais de 2022, além de um plano que visava a eliminação do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e outras figuras políticas.
O indiciamento coletivo se deu por crimes graves, como a abolição violenta do Estado Democrático de Direito e a formação de organização criminosa. Os 37 indiciados enfrentaram a possibilidade de penas severas, refletindo a seriedade das acusações.
Depoimentos e colaborações
Durante as investigações, Bolsonaro e seus ex-ministros foram chamados a prestar depoimentos. O ex-presidente sempre negou qualquer envolvimento em um golpe de Estado, mas a PF coletou evidências que, segundo sua avaliação, ligavam Bolsonaro diretamente ao plano. Um dos pontos-chave da investigação foi a colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que forneceu informações cruciais à PF.
Em março de 2024, Cid foi questionado sobre seus conhecimentos acerca do plano de Bolsonaro, mas manteve que apenas uma minuta de estado de defesa havia sido discutida, sem confirmar a intenção de um golpe. Em contraste, o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, corroborou a existência de reuniões que tratavam de estratégias de golpe.
Reuniões e estratégias
Freire Gomes detalhou em seu depoimento que, após a derrota de Bolsonaro nas eleições, houve encontros entre altos comandantes das Forças Armadas para discutir a chamada “minuta do golpe”. Ele afirmou que, em diversas ocasiões, tentou alertar o então presidente sobre as implicações legais de tais ações, enfatizando que o Exército não apoiaria qualquer movimento que não estivesse em conformidade com a Constituição.
A recusa de Freire Gomes e do comandante da Aeronáutica em apoiar o golpe foi fundamental para desarticular a tentativa de ruptura institucional. No entanto, o comandante da Marinha, Almir Garnier, foi apontado como alguém que teria apoiado a proposta, segundo informações da PF.
Consequências e repercussões
Quatro meses após o indiciamento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro por sua participação em um esquema golpista, adicionando novos crimes à sua acusação, incluindo dano ao patrimônio público relacionado aos ataques de 8 de janeiro em Brasília. A PGR estabeleceu uma conexão entre o plano de golpe e os atos violentos que ocorreram contra as sedes dos Três Poderes.
Em 11 de setembro deste ano, o STF condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, considerando-o o “líder de uma organização criminosa”. Atualmente, ele aguarda o trânsito em julgado de seus recursos, com a possibilidade de cumprimento de pena a ser definida.
Futuro incerto para Bolsonaro
Com um ano passado desde o indiciamento, o ex-presidente se encontra na fase final de apelações no STF. A expectativa é que, após essa etapa, a execução da pena seja determinada, embora ainda não haja clareza sobre onde ele cumprirá a sentença. Bolsonaro continua a negar qualquer planejamento de golpe, mantendo sua posição diante das alegações que o cercam. A situação política no Brasil permanece em ebulição, com desdobramentos que poderão influenciar os rumos futuros do país.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: STF