Crescimento alarmante do consumo de ultraprocessados entre brasileiros

CNN Brasil

Estudo revela que ultraprocessados já correspondem a 23% da dieta do país

Estudo mostra que ultraprocessados já representam 23% da alimentação dos brasileiros, um aumento significativo desde os anos 80.

Aumento significativo do consumo de ultraprocessados no Brasil

A participação de ultraprocessados na alimentação dos brasileiros cresceu drasticamente, passando de 10% em 1980 para 23% atualmente. Essa mudança alarmante foi revelada em uma série de artigos publicados na revista Lancet, liderados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O cenário no Brasil é um reflexo de uma tendência global, onde o consumo de ultraprocessados aumentou em 93 países ao longo das últimas décadas, exceto no Reino Unido, onde se manteve estável em 50%.

Fatores que impulsionam o consumo

Carlos Monteiro, pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e líder do estudo, destaca que essa transformação na alimentação não é acidental. Ela é impulsionada por grandes corporações que priorizam produtos ultraprocessados, apoiadas por estratégias de marketing eficazes e lobby político que frequentemente bloqueiam iniciativas de promoção de dietas saudáveis. Em países como os Estados Unidos, os ultraprocessados representam mais de 60% da dieta, demonstrando a gravidade do problema.

Comparações internacionais

Dados mostram que em trinta anos, o consumo de ultraprocessados triplicou em países como Espanha e Coreia do Norte, enquanto a China viu um aumento considerável, passando de 3,5% para 10,4% das compras familiares. Na Argentina, o crescimento foi de 19% para 29% no mesmo período. Esses dados indicam que o padrão de consumo está se espalhando por diferentes faixas de renda e regiões, afetando, inicialmente, a população de maior renda e, posteriormente, alcançando outros grupos.

Consequências para a saúde

A pesquisa aponta que dietas ricas em ultraprocessados estão associadas a uma série de problemas de saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2 e câncer. Uma revisão sistemática de 104 estudos de longo prazo revelou que 92 deles indicaram risco aumentado de doenças crônicas. Os cientistas alertam que a substituição de padrões alimentares mais saudáveis por ultraprocessados é um fator central no aumento global dessas doenças.

O que são ultraprocessados?

Os ultraprocessados são definidos pela classificação NOVA, que categoriza os alimentos de acordo com o grau de processamento. Eles são produtos comerciais que combinam ingredientes in natura com aditivos químicos, visando maximizar durabilidade e paladar. Exemplos incluem biscoitos recheados, refrigerantes e macarrão instantâneo. A classificação foi criada por pesquisadores brasileiros e tem como objetivo conscientizar sobre o impacto do processamento na dieta e saúde.

Medidas recomendadas para redução do consumo

Os pesquisadores defendem que o aumento no consumo de ultraprocessados não deve ser atribuído apenas a escolhas individuais, mas sim à responsabilidade das corporações alimentícias. Sugestões incluem a proibição desses produtos em instituições públicas, como escolas, e a necessidade de sinalização clara sobre os aditivos nas embalagens. Também é proposto um aumento na disponibilidade de alimentos frescos e in natura, além de restrições severas à publicidade direcionada ao público infantil.

Conclusão

O estudo conclui que as políticas públicas para promover dietas saudáveis são urgentes e necessárias. A pesquisa sobre os efeitos dos ultraprocessados na saúde humana deve continuar, mas não deve atrasar a implementação de ações que visem restaurar e promover a alimentação saudável entre a população. O Brasil já apresenta um exemplo positivo com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que prioriza alimentos frescos e minimamente processados nas escolas.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

Fonte: CNN Brasil

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