Grupo Mateus (GMAT3): O impacto de um erro contábil de R$ 1,1 bilhão

Entenda como uma falha contábil afetou a avaliação da varejista na bolsa de valores

Um erro contábil de R$ 1,1 bilhão provocou queda nas ações do Grupo Mateus (GMAT3), afetando seu valor de mercado.

Grupo Mateus (GMAT3) enfrenta turbulência na bolsa devido a erro contábil

As ações do Grupo Mateus (GMAT3) estão passando por uma severa turbulência, com uma queda acumulada de mais de 16% nos últimos cinco dias, resultante de um erro contábil de R$ 1,1 bilhão, revelado ao mercado na última semana com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre (3T25).

A varejista identificou erros na contabilização dos estoques e no cálculo do custo das mercadorias vendidas. Essa descoberta levou a empresa a revisar e corrigir os valores de períodos anteriores, reapresentando suas demonstrações financeiras de 2024 e 2023 para assegurar consistência e comparabilidade dos dados.

Correção contábil e seus impactos

Com a revisão, o Grupo Mateus constatou que os estoques estavam registrados em um valor superior ao correto. O saldo consolidado dos estoques, que em dezembro de 2024 era de R$ 6,047 bilhões, foi reduzido para R$ 4,939 bilhões, resultando em uma diminuição de R$ 1,107 bilhão. Além disso, o valor dos investimentos contabilizados pela controladora também sofreu um impacto negativo de R$ 694,7 milhões, refletindo a necessidade de ajustes nos valores das empresas do grupo afetadas pelos novos cálculos.

A forte desvalorização das ações na B3 resultou em uma perda de aproximadamente R$ 2,5 bilhões em valor de mercado, segundo estimativas baseadas em dados do Investing.com. Apesar da magnitude do ajuste, a empresa garantiu que não houve impacto no caixa nem problemas com contratos de dívida, afirmando que a revisão foi meramente contábil e não afetou os recursos disponíveis ou o funcionamento das operações.

Histórico de advertências e auditorias

Relatos indicam que, antes mesmo do IPO da varejista, consultorias já haviam apontado que a companhia não estava acompanhando adequadamente a evolução histórica do estoque. Naquela época, os auditores recomendavam a implementação de um sistema específico para facilitar a visualização e monitoramento dos custos. Nos formulários de 2020 e 2021, essa questão foi destacada como um alerta essencial para os investidores, mas o tema foi deixado de lado por um período, ressurgindo somente agora com a divulgação do erro.

Possíveis causas do erro contábil

Embora os detalhes exatos sobre a origem do erro permaneçam incertos, fontes do mercado sugerem que possa ter ocorrido uma falha no cálculo dos impostos de entrada, como o PIS e o ICMS, que impactam o preço final dos produtos. Outra possibilidade é que o problema esteja relacionado ao tratamento das bonificações recebidas de fornecedores, um ponto frequentemente sensível para varejistas como Carrefour, Dia e Americanas.

Essas bonificações, que consistem em mercadorias ou valores financeiros fornecidos pelos fornecedores como parte do acordo comercial, são tratadas de forma a não impactar o preço unitário na compra. Assim, enquanto o custo é calculado apenas sobre o que foi efetivamente pago, as unidades recebidas como bonificação não são contabilizadas no cálculo, resultando em uma redução do custo médio do estoque.

Dessa forma, surgem questionamentos sobre se a companhia registrou essas verbas de maneira adequada e no momento certo, ou se houve um desencontro entre os registros contábeis e as vendas realizadas. Uma análise mais detalhada será necessária para entender completamente as implicações desse erro e suas consequências para a operação do Grupo Mateus.

Fonte: www.moneytimes.com.br

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