Indicação de Messias ao STF representa novo desafio para governo

A escolha de Jorge Messias gera articulações políticas no Senado e pressiona a base governista por votos

A indicação de Jorge Messias ao STF traz novos desafios para o governo e pressiona a base por apoio no Senado.

Indicação de Jorge Messias ao STF e seus impactos no governo

A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), formalizada pelo presidente Lula (PT) em 20 de novembro de 2025, abre uma nova rodada de articulação política no Senado e impõe mais um teste à base governista. Messias, atual Advogado-Geral da União, não era o nome preferido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que já havia articulado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso.

Quando a possibilidade de Messias circular nos bastidores surgiu, o governo buscou distensionar relações com Alcolumbre através da aprovação de pautas que ele defendia, como as pesquisas na Margem Equatorial. Esse gesto foi interpretado como uma tentativa do Planalto de suavizar o clima com o presidente do Senado, que agora terá um papel crucial na tramitação da indicação.

Desafios e articulações no Senado

Apesar das tentativas de aproximação, Alcolumbre expressou seu descontentamento com a escolha de Lula. O presidente, por sua vez, priorizou a confiança pessoal em Messias, uma mudança de estratégia após experiências problemáticas com indicações anteriores. A escolha de Messias ocorre em um momento delicado para o governo, que enfrenta desgastes no Congresso, como demonstrado pela aprovação do PL Antifacção, apesar das objeções do Planalto.

A proposta, que visa regulamentar a atuação da Polícia Federal, aguarda um parecer do relator, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Messias, em sua missão no Senado, contará com o apoio do senador Jacques Wagner (PT-BA), líder do governo, que será fundamental para a articulação e convencimento de senadores a favor da aprovação da indicação.

Relações com o Centrão e a bancada evangélica

Messias, que se identifica como evangélico, tem afirmado que sua fé não influenciará sua atuação no STF, buscando tratar temas polêmicos, como o aborto, de forma técnica. Essa abordagem já lhe garantiu a simpatia de uma ala da bancada evangélica, embora ainda não haja consenso total. Para garantir a aprovação, será essencial que Messias inicie diálogos com parlamentares do Centrão e da direita, transmitindo a mensagem de que sua atuação será isenta de ideologias.

A importância da articulação política

Com 41 votos necessários para a aprovação, a tarefa de Messias no Senado se apresenta como um desafio incerto. O recente placar apertado na recondução de Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República, que passou com apenas 45 votos a favor, evidencia que a margem de negociação é estreita. A indicação de Messias se torna, portanto, um termômetro para a capacidade do governo em articular no Senado. Essa situação também reflete a aposta de Lula em manter alguém de sua confiança na Corte, ao mesmo tempo em que dialogue com diferentes grupos para facilitar a aprovação.

A articulação em torno da indicação de Messias é, portanto, um reflexo das complexidades políticas atuais no Brasil, onde a habilidade em negociar e construir consensos será crucial para o governo nos próximos meses.

PUBLICIDADE

VIDEOS

Relacionadas: