Pesquisa revela que a violência doméstica se intensifica em ambientes familiares
Estudo aponta que 70% das agressões a mulheres são presenciadas por crianças.
A agressão contra mulheres e a presença de crianças
A violência doméstica contra mulheres no Brasil é um problema alarmante e, conforme a 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado e pela Nexus, 70% das agressões ocorrem diante de crianças. O estudo, divulgado em 24 de novembro de 2025, aponta que 71% das mulheres que vivenciaram violência doméstica o fizeram na presença de terceiros, majoritariamente crianças.
Dados alarmantes sobre a violência
O levantamento foi realizado com 21.641 entrevistas com brasileiras de 16 anos ou mais, abrangendo todos os estados e o Distrito Federal. Os dados revelam que, em um universo de 3,7 milhões de mulheres que relataram ter sofrido violência no último ano, uma quantidade significativa foi agredida na presença dos filhos. Isso demonstra uma repetição do ciclo de violência, afetando não apenas a vítima, mas também as crianças que testemunham essas situações. Segundo Marcos Ruben de Oliveira, coordenador do DataSenado, essa realidade agrava ainda mais o impacto da violência.
Consequências da violência e falta de apoio
Apesar da presença de testemunhas, 40% das vítimas não receberam ajuda no momento da agressão. Além disso, a pesquisa mostra que 58% das mulheres convivem com a violência há mais de um ano, muitas vezes devido ao medo, à dependência econômica e à falta de apoio. Isso evidencia a necessidade de um suporte mais efetivo para interromper esse ciclo.
Busca por apoio e o desconhecimento da Lei Maria da Penha
Antes de procurarem serviços públicos, a maioria das mulheres recorre a redes pessoais e comunitárias. Em 2025, 58% buscaram apoio na família, 53% na igreja e 52% entre amigos. Somente 28% registraram denúncias em Delegacias da Mulher, e apenas 11% acionaram o Ligue 180. Essa realidade mostra que muitas mulheres ainda lidam com a violência na esfera privada, o que pode atrasar intervenções necessárias.
Conhecimento limitado sobre a legislação
Outro ponto preocupante levantado pela pesquisa é o desconhecimento sobre a Lei Maria da Penha, que é um instrumento fundamental para a proteção das mulheres. De acordo com os dados, 67% das brasileiras conhecem pouco a lei, e 11% a desconhecem completamente. A falta de informação é mais acentuada entre mulheres com menor renda e escolaridade. Entre analfabetas, o desconhecimento chega a 30%, enquanto entre aquelas com ensino superior completo, cai para apenas 3%.
A necessidade de ação
Esses dados ressaltam a importância de medidas eficazes para conscientizar e proteger mulheres vítimas de violência. A combinação de educação, apoio emocional e fortalecimento das redes de proteção é essencial para romper o ciclo vicioso da violência doméstica e garantir a segurança de mulheres e crianças no Brasil.