Levantamento revela compra alarmante de munições por colecionadores e atiradores
Levantamento aponta que CACs compram 5 mil munições de fuzis utilizados por facções criminosas diariamente.
A crescente compra de munições por CACs no Brasil
Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (25) aponta que os CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) compram, em média, mais de 5 mil munições de fuzis típicos de facções criminosas por dia no Brasil. O dado é parte de um levantamento inédito do Instituto Sou da Paz, que utilizou informações obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI) com o Exército Brasileiro.
Dados alarmantes sobre a venda de munições
O estudo revela que, nos primeiros seis meses de 2025, foram comercializadas 104 milhões de unidades de munições no país, o que representa uma média de 580 mil munições por dia. Desse total, 54 milhões foram vendidas para CACs e 42 milhões para lojas. Quando focamos apenas nos calibres de fuzis mais utilizados pelo crime organizado, como 223 REM, 5.56×45 mm, 7.62×51 mm e .308Win, o total de munições vendidas alcança 1,4 milhão, com 67% delas (951.520 unidades) destinadas a CACs, resultando em uma média de 5.270 munições de fuzil vendidas a esses colecionadores diariamente.
Concentração das vendas de munições
Segundo a pesquisa, as lojas adquiriram 30% das munições de fuzil, com uma enorme concentração nas 2ª e 3ª Regiões Militares, que abrangem os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Essas regiões são responsáveis por 98% das compras de munições de fuzis feitas por lojistas em todo o Brasil. A 1ª Região Militar, que inclui o Espírito Santo e o Rio de Janeiro, representa apenas 4% do total de munições vendidas a CACs, mas concentra 17% das munições de fuzis vendidas, totalizando 165 mil munições entre janeiro e junho de 2025.
Impacto da violência no controle de munições
A divulgação do levantamento ocorre quase um mês após a operação policial mais letal da história do Brasil, a megaoperação Contenção, que resultou em 122 mortes, incluindo cinco policiais. A diretora do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, destacou que o intenso confronto entre policiais e criminosos foi possibilitado pela grande quantidade de munições em poder dos bandidos. Ela enfatiza: “O crime organizado só consegue dominar grandes áreas e enfrentar a polícia por quase 18 horas, porque dispõe de um volume inacreditável de munições. É urgente investigar essas fontes de fornecimento e melhorar o controle da venda de munições no Brasil”.
Problemas no controle de compras
O instituto também ressalta que muitos fuzis apreendidos durante a megaoperação são produzidos ou montados clandestinamente, conhecidos como ‘fuzis fantasmas’. Um estudo anterior do Sou da Paz já havia apontado que a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) era responsável por pelo menos 40% das munições apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro em 2014. Além disso, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado em 2024, identificou 2 milhões de munições adquiridas com documentos falsos ou registros inválidos.
Conclusão
A pesquisa do Instituto Sou da Paz e a análise dos dados sobre a compra de munições por CACs revelam a necessidade urgente de reformular o controle sobre a venda de munições no Brasil. A combinação de uma grande quantidade de munições disponíveis e a falta de fiscalização adequada constitui uma ameaça crescente para a segurança pública.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br