Psicólogos explicam a aversão a chamadas e como isso impacta as interações sociais
Estudo revela o crescimento da preferência por mensagens em vez de chamadas telefônicas entre jovens.
Uso do WhatsApp em vez de chamadas: uma tendência crescente
Em um mundo cada vez mais digital, o uso do WhatsApp em vez de chamadas telefônicas tem se tornado uma prática comum, especialmente entre a Geração Z e os millennials. Essa preferência, como indica a psicóloga Elena Touroni, pode estar relacionada a uma série de fatores psicológicos e sociais. A forma como nos comunicamos evoluiu, e a ideia de atender uma ligação telefônica é vista por muitos como uma tarefa desafiadora e estressante.
A ansiedade das ligações telefônicas
O fenômeno conhecido como “telenofobia” refere-se à ansiedade que algumas pessoas sentem ao fazer ou atender chamadas. Segundo a psicoterapeuta Eloise Skinner, essa ansiedade pode surgir da associação negativa que muitos jovens fazem em relação a ligações, levando à evitação desse tipo de interação. A falta de prática em conversas telefônicas pode contribuir ainda mais para essa situação, tornando as chamadas algo intimidante.
A comunicação escrita como forma de controle emocional
A psicóloga e coach Olga Albaladejo argumenta que a preferência por mensagens de texto permite que as pessoas gerenciem melhor seu tempo e energia emocional. “Escrever uma mensagem no WhatsApp oferece a oportunidade de pausar, pensar e organizar os pensamentos antes de responder”, explica Albaladejo. Essa dinâmica reduz a pressão emocional que pode surgir durante uma conversa ao vivo, onde as respostas devem ser dadas de forma imediata e improvisada.
O impacto do ambiente digital nas interações sociais
As gerações mais jovens cresceram em um ambiente onde a comunicação digital é predominante. As mensagens de texto e áudios se tornaram a norma, enquanto as chamadas telefônicas são vistas como ferramentas ultrapassadas. Essa mudança de comportamento pode ser atribuída a um desejo de evitar a tensão emocional que frequentemente acompanha as interações por voz. O psicólogo José Martín del Pliego ressalta que a falta de informações não verbais durante uma ligação torna a comunicação mais complexa e exigente.
Timidez e ansiedade social
Além das preferências de comunicação, o ambiente social também desempenha um papel importante. A timidez e a ansiedade social podem intensificar a aversão a chamadas telefônicas. A pressão de atender uma ligação e ter que responder instantaneamente pode ser uma fonte significativa de estresse para muitos indivíduos. O uso de plataformas de mensagens permite uma distância emocional, o que pode ser mais confortável para aqueles que lutam com interações sociais.
Preferência ou evitação?
Embora a escolha de não atender chamadas possa ser vista como uma questão de preferência, a psicóloga Albaladejo alerta que é importante observar se essa decisão se torna uma evitação constante. A comunicação é mais rica quanto mais canais forem utilizados; no entanto, quando um canal gera ansiedade para alguém, isso pode levar a uma participação comunicativa marcada pela insegurança.
Fobia telefônica nas gerações mais novas
Estudos indicam que a fobia telefônica não é um fenômeno restrito à Geração Z; 81% dos millennials também relatam essa experiência. A pressão social que acompanha as chamadas instantâneas pode contribuir para essa aversão, fazendo com que muitos optem por formas de comunicação que sejam menos exigentes emocionalmente.
Conclusão
A preferência pelo uso do WhatsApp em vez de chamadas telefônicas reflete não apenas uma mudança nas práticas de comunicação, mas também uma adaptação a um novo paradigma social. À medida que as interações digitais se tornam cada vez mais prevalentes, a compreensão das razões por trás dessa escolha pode ajudar na construção de interações mais saudáveis e eficazes. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre os diferentes modos de comunicação, permitindo que todos se sintam confortáveis e seguros em suas interações.
Fonte: www.purepeople.com.br