Alcolumbre pressiona articulação política do advogado-geral da União com senadores
A sabatina de Jorge Messias ao STF, marcada para 10 de dezembro, impõe um prazo apertado para articulação política.
A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de marcar a sabatina de Jorge Messias para 10 de dezembro, reduz significativamente o tempo de articulação política do advogado-geral da União com os senadores. Com um intervalo de apenas duas semanas, esse prazo apertado complica a capacidade de Messias de estabelecer conexões e garantir apoio em um cenário político adverso, marcado por descontentamento em relação ao Planalto.
O contexto atual é desafiador, especialmente se comparado às escolhas anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Cristiano Zanin, por exemplo, foi indicado em 1º de junho de 2023 e teve 20 dias para se reunir com senadores, o que resultou em uma aprovação confortável de 58 votos a 18. Em contrapartida, Flávio Dino, indicado em 27 de novembro e sabatinado em 13 de dezembro, também teve um intervalo similar, mas sua aprovação foi mais modesta, com 47 votos a favor e 31 contra.
Messias chega ao Senado em uma situação complicada, pois Alcolumbre, que gostaria que Lula tivesse indicado outro nome, não tem simpatia por sua indicação. O presidente do Senado preferiria Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um nome mais palatável ao Congresso. Contudo, Lula optou por não ceder à pressão e manteve seu direito de indicar ministros do Supremo, priorizando a lealdade a seus aliados.
Com o tempo reduzido, a janela que normalmente permite o tradicional “beija-mão” – conversas reservadas, visitas a bancadas e ajustes na relação com oposição e centrão – fica comprometida. A oposição vê Messias como excessivamente alinhado ao governo, o que pode dificultar sua aprovação. Diferentemente de Zanin e Dino, que encontraram um Senado mais receptivo, Messias terá que conquistar voto a voto.
Interlocutores de Messias enfatizam que ele deve focar em construir uma boa relação com parlamentares do Centrão e da direita. A estratégia é assegurar que sua atuação no STF será técnica e não ideológica, visando conquistar a confiança dos senadores. Essa abordagem é crucial, pois a aprovação de sua indicação depende diretamente da articulação que consegue fazer nas próximas semanas.
Diante desse cenário, a pressão sobre Jorge Messias é intensa, e seu sucesso na sabatina pode depender da capacidade de navegar em um ambiente político complicado e de construir a confiança necessária entre os senadores. A proximidade com o Centrão e a defesa de uma atuação técnica no STF serão determinantes para seu futuro na Corte.