Sequenciamento do DNA da espécie pré-histórica revela informações fundamentais sobre a evolução dos cefalópodes
Sequenciamento do genoma da lula-vampiro do inferno, espécie pré-histórica, revela ser o maior entre os moluscos, com até 14 gigabases.
Genoma da lula-vampiro do inferno supera todos os moluscos conhecidos
A pesquisa sobre o genoma da lula-vampiro do inferno (Vampyroteuthis infernalis) revelou que esta espécie pré-histórica possui o maior sequenciamento de DNA entre os moluscos, variando entre 11 e 14 gigabases. O estudo, liderado por cientistas austríacos e japoneses, foi divulgado em outubro na revista científica iScience. A lula-vampiro, que habita profundidades superiores a 600 metros, é uma peça fundamental para compreender o desenvolvimento dos cefalópodes, grupo que inclui lulas e polvos.
Descoberta ocorreram após captura acidental na Baía de Suruga, Japão
Apesar da dificuldade em capturar exemplares devido ao seu habitat profundo e comportamento reservado, um navio de pesquisa localizou acidentalmente um espécime da lula-vampiro na Baía de Suruga, no Japão. Este evento foi crucial para a obtenção do material genético necessário para o sequenciamento completo do seu genoma. Em comparação, o genoma da sépia-comum (Sepia officinalis), anteriormente o maior entre os cefalópodes, possui cerca de 5,5 gigabases, evidenciando o tamanho extraordinário do genoma da lula-vampiro.
Análise genômica detalha características únicas e antigas da espécie
Os pesquisadores compararam o genoma da lula-vampiro com os de outras espécies de cefalópodes, como polvos, lulas de dez braços e náutilos. A investigação apontou que a lula-vampiro combina características genéticas de diferentes grupos: é um octopodiforme de oito braços, mas também carrega estruturas cromossômicas semelhantes às das lulas de dez braços. As análises indicam que, enquanto as estruturas cromossômicas de polvos e lulas-vampiro eram semelhantes no início de sua evolução, a lula-vampiro manteve seu padrão cromossômico original ao longo de milhões de anos, mesmo com o aumento de tamanho do genoma.
A lula-vampiro como elo evolutivo para entender os cefalópodes modernos
Considerada um “fóssil vivo”, a lula-vampiro do inferno surgiu há aproximadamente 183 milhões de anos e se mantém como o único representante vivo da ordem Vampyromorphida. Por possuir características genéticas comuns a lulas, polvos e chocos, ela é um ponto de partida para os estudos evolutivos desses animais marinhos. O sequenciamento do seu genoma abre novas perspectivas para compreender as origens e as adaptações dos cefalópodes, auxiliando na elucidação dos processos evolutivos que fizeram surgir as diversas espécies atuais.
Perspectivas futuras para pesquisas sobre evolução dos moluscos
Os cientistas planejam continuar os estudos para explorar mais profundamente a evolução de outros cefalópodes, utilizando o genoma da lula-vampiro como referência. A expectativa é que essas pesquisas ajudem a desvendar como diferentes características biológicas e genéticas surgiram e se modificaram ao longo do tempo, proporcionando um entendimento mais completo sobre a biodiversidade marinha e a adaptação das espécies aos ambientes extremos.
Fonte: www.metropoles.com
Fonte: Divulgação/Steven Haddock_MBARI