Trump perdoa ex-presidente de Honduras preso por tráfico de drogas

Juan Orlando Hernandez and Nicolás Maduro. Composite: AP, Retuers

Decisão de Trump gera críticas por aparentar contradição na luta contra o narcotráfico

Trump concedeu perdão a ex-presidente de Honduras condenado por narcotráfico, causando críticas por suposta contradição em sua política antidrogas.

Trump perdoa ex-presidente hondurenho condenado por tráfico de drogas para os EUA

Em 1º de dezembro de 2025, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou o perdão a Juan Orlando Hernández (JOH), ex-presidente de Honduras, que havia sido condenado por um tribunal federal em Manhattan a 45 anos de prisão por sua participação em um esquema de tráfico de cocaína para os EUA. A decisão provocou surpresa e críticas entre analistas e agentes da lei, que destacam o contraste com a postura dura de Trump contra outros regimes latino-americanos, especialmente o de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela.

Juan Orlando Hernández foi acusado de colaborar com alguns dos mais perigosos chefes do narcotráfico na América Latina, criando uma verdadeira “supervia” da cocaína que abastecia o mercado americano. Além disso, há relatos e evidências de que ele contribuiu para transformar Honduras em um importante centro produtor e ponto de trânsito de drogas. Essa acusação rendeu a ele a sentença judicial e lhe impôs uma pena severa.

Polêmica gerada pela contradição na estratégia antidrogas dos EUA

A intervenção de Trump em favor de Hernández foi considerada por muitos uma contradição clara em sua política de combate às drogas. Enquanto o ex-presidente mantinha uma retórica agressiva e ações militares contra o governo de Maduro, incluindo a imposição de sanções e um esforço para derrubá-lo sob a acusação de narcotráfico, ele decidiu perdoar um político já condenado por crimes semelhantes.

Especialistas, como Mike Vigil, ex-chefe de operações internacionais da DEA, definem a ação de Trump como “hipocrisia” e afirmam que o perdão deslegitima a chamada “guerra às drogas” americana. Para Vigil, Hernández era um dos maiores poderosos do narcotráfico, superando inclusive traficantes reconhecidos, o que torna a decisão de perdoá-lo ainda mais controversa.

Reações e análises sobre os interesses políticos por trás do perdão

Ioan Grillo, autor especializado no narcotráfico latino-americano, chamou a decisão de “assombrosa”, sugerindo que Trump poderia reconsiderar sua postura devido à repercussão negativa. Por sua vez, Orlando Pérez, especialista em América Latina, aponta que a perseguição política norte-americana tem motivações ideológicas e interesses estratégicos, e não uma política antidrogas coerente. Segundo ele, o perdão concedido ao aliado hondurenho, que apoiou os EUA, contrasta com a perseguição a Maduro, adversário político e ideológico dos EUA.

Contexto das acusações e condenações contra Hernández e seu irmão

Antes de assumir a presidência, Juan Orlando Hernández já teria iniciado sua colaboração com cartéis latino-americanos para facilitar o tráfego de drogas. Seu irmão, Juan Antonio “Tony” Hernández, também foi condenado à prisão perpétua por crimes ligados ao narcotráfico e por aceitar dinheiro do cartel de El Chapo para financiar a campanha presidencial de JOH.

A condenação de Juan Orlando Hernández representou um marco na justiça internacional, apontando para a complexa ligação entre política e narcotráfico em alguns países da América Central. O perdão oferecido por Trump, portanto, modifica consideravelmente este cenário, suscitando debates sobre justiça, política e segurança regional.

Implicações para a relação Estados Unidos-América Latina e o futuro da luta contra drogas

A decisão de Trump pode enfraquecer a credibilidade dos Estados Unidos em sua luta contra o narcotráfico na América Latina, minando a confiança nas ações e discursos do país nessa área. Além disso, reforça a percepção de que as ações americanas são guiadas mais por interesses políticos e ideológicos do que por uma estratégia efetiva e justa.

Analistas sugerem que essa medida poderá gerar tensão e dúvidas entre os parceiros regionais e afetar os esforços cooperativos para combater o tráfico de drogas e a corrupção associada. O caso evidencia a necessidade de maior transparência e consistência na política antidrogas internacional.

Fonte: www.theguardian.com

Fonte: Juan Orlando Hernandez and Nicolás Maduro. Composite: AP, Retuers

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