Jornal inglês destaca fracasso da ofensiva internacional de Eduardo e crise profunda no bolsonarismo
Financial Times avalia que ofensiva de Eduardo Bolsonaro nos EUA fracassou e aprofundou crise no clã bolsonarista.
Eduardo Bolsonaro enfrenta derrotas políticas nos EUA e crise no clã bolsonarista
O Financial Times destacou nesta segunda-feira (1º/12) que a ofensiva internacional liderada por Eduardo Bolsonaro para tentar impedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fracassou espetacularmente, aprofundando a crise que afeta o clã familiar e ameaçando a imagem do bolsonarismo.
De acordo com a publicação britânica, Eduardo Bolsonaro atuou nos Estados Unidos na tentativa de convencer o governo de Donald Trump a pressionar o Judiciário brasileiro. Porém, essa estratégia não apenas falhou, como gerou efeitos adversos, como a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que irritaram empresários e desgastaram a relação com Brasília, sem conseguir fazer o Supremo Tribunal Federal recuar.
Atualmente em autoexílio nos EUA, o deputado Eduardo Bolsonaro corre risco de responder por obstrução de Justiça caso retorne ao Brasil, e sua ação internacional evidencia a perda de rumo do bolsonarismo, conforme avaliação de fontes do mercado financeiro brasileiro que classificam suas atitudes como repreensíveis e danosas para a imagem política da família.
Crise política interna do bolsonarismo se aprofunda após prisão de Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro foi preso em 22 de novembro e, segundo o jornal, encontrava-se “solitário e abatido” no momento da detenção. Sua justificativa para danificar a tornozeleira eletrônica, alegando alucinações causadas por remédios para crises de soluço, foi interpretada por analistas como mais um episódio de desgaste político e pessoal.
Especialistas ouvidos pelo Financial Times sugerem que o eleitorado está desiludido com o bolsonarismo, refletindo em discursos que questionam a sanidade e a credibilidade do movimento. Murillo de Aragão, da Arko Advice, ressalta que a imagem do ex-presidente contribui para afastar apoios.
Busca por nova liderança dividida na direita brasileira para as eleições de 2026
O jornal inglês aponta que a direita brasileira tenta se reorganizar em torno de um líder que não pertença ao clã Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é visto como o favorito da elite empresarial e conservadora, desde que Jair Bolsonaro aceite não indicar um membro da família para concorrer.
Apesar do fortalecimento no campo conservador, Tarcísio enfrentaria dificuldades para superar a vantagem concorrencial do presidente Lula, que busca um quarto mandato em um cenário econômico favorável, com crescimento de emprego e renda e impacto limitado das tarifas impostas pelos EUA.
Eduardo Bolsonaro chegou a criticar Tarcísio, chamando-o de “candidato do establishment”, evidenciando a disputa interna no espectro da direita. Fonte próxima ao ex-presidente afirmou ao Financial Times que a decisão sobre o apoio a Tarcísio ou continuidade da aposta no bolsonarismo familiar deverá ser tomada até o fim do ano.
Consequências econômicas e políticas da ofensiva internacional de Eduardo Bolsonaro
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo norte-americano resultou em desgaste para Brasília e para o setor empresarial, ampliando a tensão nas relações bilaterais. A estratégia articulada pelo deputado, além de não impedir a prisão do pai, aprofundou a crise política doméstica.
Especialistas do mercado financeiro condenam os movimentos da família Bolsonaro, afirmando que isso provocou uma destruição significativa do valor da marca política construída anteriormente, com impactos negativos para a própria direita e para a estabilidade política do país.
Perspectivas para o futuro do bolsonarismo e da direita brasileira
Com o ex-presidente preso e a família dividida, o bolsonarismo vive momento de fragmentação e incerteza. A direita tradicional busca uma nova liderança que possa reunir os setores conservadores e empresariais, com Tarcísio de Freitas despontando como potencial nome.
O cenário político para as eleições de 2026 ainda depende das decisões internas do clã Bolsonaro e da resposta da base eleitoral. A escolha entre manter a estratégia familiar ou apoiar novas lideranças será decisiva para o futuro do espaço político à direita no Brasil.
Fonte: www.metropoles.com