Conflitos internos expõem disputas políticas entre Michelle e os filhos do ex-presidente
Tensões no clã Bolsonaro aumentam após prisão de Jair, fazendo surgir conflitos sobre liderança política.
Em um cenário político conturbado, os rachas na família Bolsonaro tornaram-se mais evidentes após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que já se encontra há 10 dias na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O ex-chefe do executivo foi condenado a mais de 23 anos de prisão devido a sua participação em um esquema considerado golpista, o que o retira do jogo eleitoral. Com a liderança do clã enfraquecida, sua esposa, Michelle Bolsonaro, e seus filhos se veem envolvidos em uma disputa interna por seu espólio político.
A tensão emergiu após um evento no último fim de semana, onde Michelle criticou a aproximação do diretório do Partido Liberal no Ceará com Ciro Gomes, pré-candidato ao governo. Essa crítica ao evento reforçou a divisão entre Michelle e os demais membros da família, especialmente com seu filho Flávio Bolsonaro. O senador respondeu, descrevendo a fala de Michelle como “autoritária e constrangedora”.
Tensão pública e defesas em prol do pai
O discurso de Michelle foi rapidamente contestado por Flávio, que defendeu a aliança com Ciro como uma tática pragmática, supostamente alinhada com a orientação de Jair. Os outros filhos — Carlos, Eduardo e Jair Renan — também se manifestaram em apoio ao irmão Flávio, criticando abertamente a posição de Michelle. As postagens nas redes sociais, onde Carlos afirmou que ela “atropelou” seu pai, evidenciaram a profundidade da divisão familiar.
Eduardo Bolsonaro não apenas defendeu Flávio, mas também o presidente nacional do PL, André Fernandes, que havia sido alvo das críticas de Michelle. Ele afirmou que Fernandes agiu corretamente ao seguir a orientação do pai, alinhando-se a um discurso de unidade dentro do clã. Isso mostra que, pela primeira vez, todos os filhos de Jair se uniram em um confronto direto à madrasta.
O contexto da crise interna e as rivalidades políticas
Essa disputa não apenas expõe fissuras na família, mas também reflete uma crise maior dentro do bolsonarismo. Com Jair preso, a falta de um líder que possa mediar conflitos e direcionar estratégias políticas torna-se um obstáculo. O episódio revela que os desentendimentos anteriores, que antes envolviam somente Carlos e Michelle, agora se expandiram, englobando toda a família.
Michelle tenta consolidar sua imagem como a herdeira política de Jair, aproveitando seu apelo entre mulheres e evangélicos e se posicionando como uma rival forte contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas eleitorais. Enquanto isso, Eduardo, também aspirante a um futuro papel político, enfrenta desafios devido a conflitos e críticas que pesam sobre sua figura pública.
Este intrincado jogo de poder entre membros da família Bolsonaro, em um momento de vulnerabilidade, sugere que a luta pela liderança e controle político dentro do bolsonarismo apenas começou. As próximas semanas poderão ser decisivas para definir quem realmente ocupará o espaço deixado por Jair Bolsonaro, em um cenário político amplamente dividido e sem uma liderança definida.
Assim, a família Bolsonaro se vê em uma encruzilhada, onde cada movimento pode impactar não apenas seus futuros individuais, mas também a continuidade do legado político que Jair construiu nos últimos anos.