Candidato do partido Liberal amplia vantagem sobre o conservador apoiado por Donald Trump
A disputa presidencial em Honduras se acirra com Nasralla ampliando sua vantagem sobre Asfura, sob a pressão do governo dos EUA.
Honduras enfrenta contagem tensa nas eleições de 2025
A disputa das eleições em Honduras de 2025 se tornou um campo de batalha político, com o candidato do partido Liberal, Salvador Nasralla, à frente na contagem de votos enquanto o conservador Nasry “Tito” Asfura, apoiado pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, luta para se manter na competição. Neste momento, com mais de dois terços dos votos apurados, Nasralla lidera com 40.35% contra 39.56% de Asfura, uma diferença de cerca de 19.000 votos segundo o Conselho Nacional Eleitoral de Honduras.
A contagem, saturada de problemas técnicos, recorda o clima sombrio das eleições passadas, onde resultados contestados levaram a tensões e confrontos violentos. Os EUA, que têm interesses diretos na política interna hondurenha, fazem pressão direta, com Trump ameaçando retirar financiación caso Asfura não vença, justificando que “um líder errado pode trazer resultados catastróficos para o país”. Essa ameaça reforça o papel ativo dos EUA nas questões políticas e sociais da América Latina, especialmente em um cenário em que Trump busca aliados para combater o narcotráfico na região.
A influência de Trump na política hondurenha
Trump já demonstrou que está disposto a utilizar recursos dos EUA para moldar a política regional, refletindo em suas ações anteriores na Argentina com o presidente Javier Milei. Isso faz parte de uma estratégia maior de alinhar lideranças na América Latina de acordo com seus interesses, especialmente em relação a líderes que se opõem ao socialismo, como Nicolás Maduro na Venezuela.
Na última postagem de Trump em sua rede social, ele expressou sua preocupação com a integridade da eleição em Honduras, afirmando que haveria “inferno a pagar” se os resultados mudassem. Essa retórica, que se intensifica em momentos de incerteza política, revela a influência que o ex-presidente ainda exerce sobre a política externa dos EUA, especialmente nas relações com outros países da América Central.
Históricos e consequências de um resultado contestado
Honduras já passou por uma experiência amarga em 2017, onde a eleição resultou em alegações de fraude e violência. O ex-presidente Juan Orlando Hernández, também do partido de Asfura, foi posteriormente condenado por tráfico de drogas, um episódio que expôs a corrupção arraigada no sistema político hondurenho. A liberação de Hernández por meio de um perdão presidencial assinado por Trump destaca uma continuidade nas práticas que favorecem aliados políticos em detrimento de princípios jurídicos, criando um ciclo vicioso de impunidade.
Asfura, por sua vez, tenta desassociar-se deste histórico sombrio, mas a dificuldade em fugir da sombra de Hernández pode impactar sua capacidade de atrair votos em um ambiente repleto de desconfiança pública.
Táticas de angústia e manipulação eleitoral
Águas internacionais e potenciais intervenções militares conduzem a um cenário tenso em Honduras. Com a presença militar dos EUA na Base Aérea Soto Cano, Trump está se valendo de uma combinação de força e diplomacia para salvaguardar seus interesses no país. Essa abordagem não apenas configura Honduras como um peão em uma estratégia mais ampla, mas também levanta questões sobre a soberania nacional e o papel dos EUA em influenciar o resultado das eleições locais.
A contagem dos votos, atrasada por problemas técnicos, serve de estopim para a agitação popular e a potencial violência em um país que já tem um histórico de crise política. Os atos da administração Trump, incluindo ataques a embarcações ligadas ao tráfico de drogas, são parte de um esforço maior para reafirmar a posição dos EUA como um ator dominante na política da região.
Conclusão: O futuro incerto de Honduras
À medida que o resultado das eleições se aproxima, a população hondurenha observa com ansiedade. O que está em jogo não é apenas a presidência, mas a direção futura do país sob a pressão das influências externas e das reformas internas necessárias para enfrentar os desafios socioeconômicos crônicos. O desdobramento dos resultados pode definir se Honduras se afastará ou se aproximará ainda mais de uma política de dependência em relação aos EUA.
Fonte: www.newsweek.com
Fonte: Salvador Nasralla (Agência


