Cúpula em Washington busca resolver conflito histórico entre as nações africanas
Líderes da DR Congo e Ruanda se encontram em Washington para assinar acordo de paz em meio a conflitos na região.
Trump promove cúpula para a paz entre DR Congo e Ruanda
Na quarta-feira, 4 de outubro de 2024, os líderes da República Democrática do Congo (DR Congo) e de Ruanda se encontram em Washington, a convite do presidente dos EUA, Donald Trump, para assinar um acordo de paz visando encerrar um conflito que perdura há anos na região. Esta iniciativa surge em meio a uma escalada de combates no leste da DR Congo, onde forças do governo enfrentam rebeldes supostamente apoiados pela Ruanda.
O conflito na DR Congo, particularmente no leste, se intensificou com ações militares que levaram à captura de partes significativas do território pelo grupo rebelde M23. O exército congolês acusou os rebeldes de tentar sabotar o processo de paz, enquanto o M23 afirmou que as operações do exército violaram o cessar-fogo vigente. Essa tensão levou a um ciclo de violência que resultou em milhares de mortes e um elevado número de deslocados.
O papel dos líderes na assinatura do acordo
O presidente congolês Félix Tshisekedi e seu homólogo ruandense Paul Kagame foram protagonistas de um histórico embate verbal ao longo dos últimos anos, cada um acusando o outro de iniciar o conflito. Com a mediação norte-americana, um acordo preliminar foi assinado em junho de 2024 pelos ministros das Relações Exteriores de ambos os países, sendo agora ratificado pelos presidentes na cúpula. O evento deverá contar também com a presença de outros líderes africanos e árabes, prevendo-se uma oportunidade para fortalecer vínculos regionais.
Embora o M23 não esteja presente na cerimônia de assinatura — participando de um processo de paz paralelo mediado pelo Catar — a administração Trump tem esperança de que a resolução das divergências entre DR Congo e Ruanda facilite novos investimentos norte-americanos em uma região rica em recursos naturais.
Reforço das tensões e desafios à paz
Apesar do otimismo em torno da cúpula, alguns analistas expressam ceticismo sobre a possibilidade de que o acordo leve a uma paz duradoura. De acordo com o pesquisador Bram Verelst, do Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul, as hostilidades ainda estão em andamento, e o M23 continua a expandir seu controle na região. A ausência de um cessar-fogo efetivo contribui para essa percepção, já que as operações militares não cessaram completamente.
Além das tensões entre os governos da DR Congo e da Ruanda, a questão do desarmamento do grupo FDLR, que inclui militantes do genocídio de 1994 na Ruanda, permanece como um ponto crítico nas negociações. Kagame exige a desmobilização do FDLR, enquanto Tshisekedi condiciona qualquer progresso à retirada das tropas ruandesas do território congolês, um impasse que já sabotou negociações passadas.
A importância estratégica do acordo
A assinatura do acordo de paz é vista como uma medida necessária para a estabilidade da região, principalmente em um contexto em que os Estados Unidos avaliam a DR Congo como um local estratégico, com reservas minerais estimadas em 25 trilhões de dólares. Esses minerais, incluindo cobalto e lítio, são essenciais para a fabricação de componentes eletrônicos e veículos elétricos. Isso gera interesse econômico considerável por parte dos EUA, que busca expandir sua influência na área.
Em declarações, Trump enfatizou a importância das minas congolesas, mencionando que os EUA estão obtendo direitos minerais significativos na região. A esperança é que um acordo de colaboração econômica entre DR Congo e Ruanda promova um “dividendo de paz” por meio do desenvolvimento conjunto de infraestrutura e energia hidrelétrica. No entanto, a posição do governo congolês de que a implementação do acordo só avançará após a retirada das tropas ruandesas evidencia a complexidade das negociações e aumenta as incertezas sobre a eficácia das ações futuras.
Conclusão
Enquanto a assinatura do acordo de paz entre DR Congo e Ruanda representa um passo em direção ao diálogo, o caminho para uma paz duradoura ainda é incerto. As tensões persistentes e a presença de grupos armados complicam a implementação de qualquer solução que possa realmente beneficiar as populações afetadas no leste da DR Congo.
Fonte: www.bbc.com
Fonte: s A soldier from the Armed Forces of the Democratic Republic of Congo (FARDC


